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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024

Isaías, 63: "...não tentei mudar o mundo em que vivemos, nem me fazer de democrata calando ou eliminando quem se opõe ao meu elixir da felicidade geral - essa poção politicamente correta que envenena a liberdade, pondo algemas douradas e guizos em escravos"

Sábado 21/09/24 - 8h22

SENESCÊNCiA


Sessentei há alguns anos.

Apenas sei que duro, e nem me importo com o calendário oficial- o meu tempo sou eu que faço.

Hoje, por exemplo, acordei com 30 anos .

A minha face jaz esquecida em algum espelho no passado, e dele sou cativo e sempre jovem, um Fausto sem o pacto sinistro com o Anjo caído.

Não vendi minha alma, mas estou longe da santidade, e me sei pecador.

Os hábitos nos escravizam, sabemos, e não é fácil libertar-se desses visgos do prazer postos nas armadilhas do pecado.

So sweet!

Ando nos mesmos espaços de antes e falo a linguagem destes tempos.

A senectude não se confunde com a senilidade.

Ambas integram a senescência , essa perda das faculdades físicas impostas pelo tempo, mas diferem quanto ao substrato cognitivo do indivíduo.

Ainda não tentei mudar o mundo em que vivemos, nem me fazer de democrata calando ou eliminando quem se opõe ao meu elixir da felicidade geral - essa poção politicamente correta que envenena a liberdade, pondo algemas douradas e guizos em escravos.

Na hora ínvita que a todos aguarda, o anjo da morte não lerá em meu testamento tal vileza, e minha alma atravessará o rio Aqueronte sem o peso desta estultice.

Sempre fui heterodoxo nos costumes e na politica, se é que sejam figuras distintas, pois se interagem, e tenho convicção que a tolerância é uma virtude impar, nos impondo o dever de respeito as ideias e jeito de cada um.

Até aqui, só gratidão!

Amei e fui amado, chorei e ri muito, não passei fome, pois arroz e feijão, com alguns complementos, bastam à saciedade.

Enfim, fui feliz em muitos momentos e, no conjunto da obra, a vida me foi leve.

Entre mocinhos e bandidos, soube entender o meu espaço, sem querer ser arquétipo de coisa alguma.

Me desculpem as pessoas destes tempos ambíguos, que respeito, pois, como disse, cada um que cuide de sua alma, mas amo minha condição masculina e nela afirmo a razão maior de ser homem, no gênero, que é e continuará sendo o seu oposto na especie, a mulher, o “leitmotiv” da nossa existência.

Então, envelhecido, mas vivo, espero apreciar esses atributos femininos insubstituíveis por mais alguns anos, até á senilidade, aí sim, perda do juízo.

Então, morrer.

Já será tempo!

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