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Mensagem: Rodas contra câncer Manoel Hygino Se há uma área médica a que Belo Horizonte e, por extensão, Minas Gerais dá especial atenção, é a do câncer. O que aqui se fez, desde as primeiras décadas do século passado no combate à doença, até hoje das que mais matam no mundo, é quase inacreditável, considerando que a capital fora inaugurada em dezembro de 1897. Os profissionais vinham de fora, até porque aqui não havia faculdades de medicina, além de que especialização era coisa raríssima. Somente em 1919, o câncer passou a preocupar. Um grupo de profissionais começou a reunir-se na casa de Ezequiel Dias (ele era cunhado de Oswaldo Cruz) para tratar do assunto, e médicos de alta reputação compareciam para discutir o que se podia fazer. Entre eles, estava – por exemplo – Eduardo Borges da Costa, carioca com dois anos de formado e cheio de entusiasmo. Na noite em que aqui desembarcou, a cidade repleta, ele teve de dormir numa mesa de bilhar no Grande Hotel, porque não havia vaga nem em hospedarias. No dia seguinte pela manhã, foi à Santa Casa, único lugar de assistência médica e ao provedor Júlio Veiga declarou que queria trabalhar e não ganhar nada. Imediatamente atendido, assumiu de pronto a chefia de Clínica Cirúrgica, onde permaneceu até o final da vida, gloriosa – posso afirmar. Foi importante sua atuação nos meios políticos, conseguindo a constituição de uma comissão para tratar do assunto junto ao presidente de Minas, Artur Bernardes. E mãos à obra. Em 1922, o Instituto do Câncer foi inaugurado, com a capital e o Estado pioneiramente à frente de toda a América; um júbilo ainda hoje não comemorado com a merecida relevância. Aqui enfim, estava o Instituto, honrando nossa Medicina e a classe médica, o espírito público nas montanhas. Belo Horizonte se equiparava a Paris. Em 2023, a filantrópica pôs também a serviço da população a Unidade Móvel de Saúde Oncológica SUS, com uma carreta que percorre as cidades de Minas Gerais para exames de mamografia, raio X e atendimentos multiprofissionais na área de câncer, focando ainda a educação, prevenção e identificação de casos de alta suspeição em crianças, adultos e idosos. Roberto Otto Augusto de Lima, o provedor, no dia do início de trabalho da Unidade, afirmou: “Um marco simbólico para a Santa Casa BH, pois recentemente a gigante da saúde do estado passou por um reposicionamento institucional e tornou-se uma causa: saúde de ponta para todos, e essa causa não cabe mais dentro do prédio. “Ela é maior do que a própria instituição. E, agora, mais do que nunca, não cabe no hospital, a Santa Casa BH ganhou rodas e vai para as estradas, levando saúde a quem precisa. Vamos levar prevenção e tratamento para toda Minas Gerais. É algo tangível nesta nossa causa”.
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