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Mensagem: O tempo ardente Manoel Hygino Setembro tem 30 dias, assim como novembro. São os últimos meses com o privilégio de reduzido número de dias, com exceção evidentemente de fevereiro. Mas, neste 2023 em cujo último trimestre ingressamos, houve um detalhe com relação ao calendário findante: nunca talvez os brasileiros passaram tanto tempo de olho no céu para tentar adivinhar o que a natureza lhes reservava com referência a temperaturas e perspectivas de chuvas. Não foi apenas o Brasil, sabe-se. Os habitantes do planeta pregaram os olhos nas alturas, buscando identificar o que lhes viria. As temperaturas estiveram altas, altíssimas em algumas regiões, houve incêndios em várias delas, a terra tremeu, barragens se romperam, houve muitos milhares de mortos, inclusive com desabamentos e enchentes na China e no Sudeste asiático. Os deuses estariam desencantados ou raivosos dos seres que existem por aqui? No Brasil, abençoado por Deus e pelas bênçãos que os sacerdotes cristãos trouxeram do velho mundo e dos ensinamentos do rabi da Galileia, cujo nascimento como homem se festeja em dezembro, também tivemos tropeços, atropelos e tragédias, como a causada por um ciclone em setembro, que levou dezenas de mortos e milhares de desabrigados, além dos imensos prejuízos à produção agrícola no Rio Grande do Sul. Na capital mineira, os termômetros assinalaram 38 graus na Escala Celsius, até mais, segundo fontes oficiais. Chuvas escassas, até raras, pancadas isoladas, embora o vento não economizasse força e chegasse a mais de 50 km por hora. Os alertas da meteorologia assustavam o mineiro, sobretudo as senhoras tementes a Deus. A primavera entrou no cenário em 23 de setembro, uma sexta-feira. Ainda que não foi agosto, benziam-se os mais crédulos. Os boletins dos meteorologistas admitiam 37 graus. Como suportar? Depois do inverno mais quente desde 1916, nunca ouve calor tão intenso – um recorde, e não só na metrópole dos montanheses. Em outros trechos do território, os horizontes eram também perturbadores, para não dizer sombrios, adjetivo inaceitável em face das circunstâncias.
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