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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 2 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O mito Chávez Manoel Hygino Falando no dia 12 de junho, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em convenção do Partido Republicano, declarou que, se reeleito em 2020, teria “tomado” a Venezuela e “pegado todo o seu petróleo”. O pensamento define bem o caráter do orador. Segundo Trump, tido como um multimilionário que só engana e agrada seus eleitores, a Venezuela estava prestes a colapsar e os EUA teriam se apossado do país e aproveitado seus recursos petrolíferos. Criticou a compra do produto venezuelano, que enriquecia um ditador, embora o petróleo ali extraído seja o pior que se pode obter. Mas a Venezuela, com seus graves problemas, não sobreviveria sem o ouro negro, base de sua economia e responsável por mais de 90% das exportações do país. Curioso: em seu excelente livro sobre a América Latina, o Nobel de literatura, Mario Vargas Llosa, não faz sequer referência à Venezuela. Pergunto-me porque. A resposta deve estar na própria retrospectiva de sua história, nas últimas décadas. O atual presidente, Nicolás Maduro, é uma simples continuação de mandatários que não corresponderam à esperança de seus súditos. Maduro, por sinal, há muitos anos no poder, embora sem escolha livre dos conterrâneos, só governa pelo viés totalitário. É sucessor de Hugo Chávez (com acento no a), que não gostava de analisar sua atuação com objetividade. Juliano Machado e Rodrigo Turrer, de “Época”, em reportagem de dez anos atrás, já recordavam que Chávez, “apesar da aparente humildade ao se considerar “só um soldado de Cristo”, apresentava-se como uma figura transcendental, um enviado por forças maiores para guiar seu país”. Passei por lá, muitos antes: o povo era saudável e comunicativo, orgulhava-se de sua nacionalidade. O petróleo rendia muito e bem servia. Pelo menos era o que se sentia. Depois, apareceu Chávez, que mesmo doente – o terrível câncer que lhe roubou a vida – inspirava confiança ao povo, embora recolhido ao leito e assistido pelos médicos. Depois da partida procurou-se manter o mito. Com ele, a inglória missão de seus discípulos políticos, entre os quais Maduro, de conservar aquilo que se entende por chavismo. O “namoro” de Lula com Maduro chama a atenção das Américas. A não ser que a aproximação represente um modo de fazer com que a Venezuela pague o Brasil o empréstimo concedido para construção do metrô de Caracas. Será? Surtirá efeito? Vamos esperar.

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