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Mensagem: Bishop na capital Manoel Hygino Os fatos acontecem em torno de nós ininterruptamente, mas pormenores de alguns deles se perdem na imensidão dos relatos, ou narrativas, já que a palavra ganhou no Brasil novo sentido e novos públicos. Que o digam as plateias das casas legislativas do país ou as entrevistas de pessoas de vária espécie, nacionalidade, formação e procedência. A observação vem a propósito do lançamento nos Estados Unidos de uma biografia da poeta Elizabeth Bishop, em 2019, de autoria do acadêmico Thomas Travisano, com recente publicação entre nós da Companhia das Letras, em tradução de Luiz A. de Aquino. A edição brasileira busca lançar novas luzes sobre a autora nascida em terra de Tio Sam, em que já era popular e discutida, por motivos que os escritores de cá debaixo do Rio Grande bem conhecem. Conhecem até porque a Bishop e sua produção foram muito comentadas na Festa Literária de Paraty, um sucesso inconteste de sucesso. Na cidade fluminense, seria a primeira vez que uma escritora não brasileira seria homenageada. Não deu certo. Ganhadora do Prêmio Pulitzer bem atrás no tempo, porque em 1956, já estivera no Brasil e fora muito badalada, se me permitem o adjetivo. Como não poderia deixar de ser, a poeta fez das suas, agindo como sempre em outras plagas. Em apenas duas semanas, conheceu a arquiteta Lota de Macedo Soares (ela faleceu em 1967), idealizadora do Parque do Flamengo, no Rio. Bishop se encantou com o Brasil e sua gente, vivendo em Petrópolis, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, onde habitou o imóvel colonial da Casa Mariana, cuja denominação constitui homenagem à também poeta Marianne Moore. Com sua existência múltipla, Elizabeth, (que era lésbica, coisa que, então, não era bem compreendida e sentida em terra brasílica), também se apaixonou pela arquiteta Lota, de ilustre família paulista. Bishop foi em Minas a mesma, depressiva e dependente de álcool, para aliviar as pressões psicológicas e a distância de seus amigos e, principalmente, amigas. Quando na velha Vila Rica, adoeceu, e, por recomendação médica, transferiu-se a Belo Horizonte em tratamento, internando-se no Hospital São Lucas. Lá encontrou assistência adequada até a alta, como informado na peça que a Santa Casa ora divulga, contando os 100 anos de vida do hospital. Por sinal, a peça publicitária é, em verdade, um livro em que se fala sobre outros conhecidos pacientes do São Lucas, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ministro José Maria de Alkmin, o grande artista que foi Guignard, o notável escritor Eduardo Frieiro e a mãe do poeta maior Carlos Drummond de Andrade. Afora os médicos, que formaram uma plêiade que honra a classe.
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