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Mensagem: Fantasia de Índio Manoel Hygino Nossos indígenas, verdadeiros e originais donos da terra que habitamos, estão em evidência. Nem poderia ser de outro jeito. Os invasores brancos, que aqui desembarcaram há mais de 500 anos, tomaram conta do território que lhes pertencia e os deixam em situação de submissão ou dominação, para fazerem prevalecer sua língua e seus propósitos. Não se tratava de grupos de selvagens, como imaginaram os descobridores, mas de gente de identidade sabida, habitantes de regiões diversas nos múltiplos quadrantes. O Pe. Antônio Vieira, que sentiu seus anseios, dizia que eram setenta e duas línguas na Babel do rio das Amazonas. E advertiu: “Vede, agora, quanto estudo e quanto trabalho será necessário, para que falem e ouçam”. Estava imensamente enganado o bravo sacerdote. Segundo dados do IBGE, além do português oficial, há 274 línguas indígenas falantes no território brasileiro. Tudo isto, sim. E Darcy Ribeiro, conterrâneo meu de Montes Claros-MG, e ardoroso defensor da causa indígena, observou: “Somos uma nação etnicamente unificada e coesa, sem qualquer contingente oprimido a disputar autodeterminação. É verdade que uns quantos povos indígenas, para nossa vergonha, ainda estão reclamando a propriedade dos territórios em que viveram desde sempre e o direito de continuarem vivendo dentro de sua própria Cultura. Eles são tão poucos, e o que pedem é tão insignificante, que a dignidade nacional não há de negar-lhe. Isso seria fatal, hoje, não para o nosso destino, mas para a nossa honra”. Mas ocorre, porque gerações posteriores aos invasores de 1500, não lhes dão sossego e lhes surrupiam o ouro do subsolo, madeiras, frutos, raízes e mais que possam. Não sem razão, Ailton Krenak, índio cá de Minas, reconhecido intelectualmente e pensador consciente, afirmou recentemente: “Talvez a gente esteja vivendo, hoje, um dos piores momentos da nossa história social. Não apenas para o povo indígena, mas de intolerância e violência racial como um todo. Eu escutei de uma mãe, me contando que a filha dela, de 6 anos, surpreendeu a todo mundo, na escola. Foi liberada pela professora de usar o uniforme porque, no dia seguinte, poderia ir “fantasiada de índio”. E a estudante perguntou: “Índio é uma fantasia?”.
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