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Mensagem: Tesouros alheios Manoel Hygino Encanta-me a chegada de mensagens via e-mail. De gente da melhor qualidade, que muito me honra com suas palavras. No período azedo que o mundo atravessa e que de azedume impregna os homens, sem dominá-los contudo, sinto-me privilegiado pelas lições que surgem da impressora, sobretudo nos dias agitados de agora. Jornalista, advogado, empresário bem sucedido no âmbito das comunicações, residente em Montes Claros por sinal, Paulo Narciso Soares, egresso da PUC, comenta: “Vivemos dias de grande perplexidade e incompreensão, generalizadas. A gratidão tão valorizada por nossos pais se esvai. A tecnologia, meritória que seja, afugentou o mundo que tínhamos, sem nada colocar no lugar. A verdade é severamente ridicularizada e o vicio se tornou a regra, e sua predicação fere em todos os sentidos. Os romanos já percebiam isso no “O, tempora! O, mores!” que seguimos repetindo”. A seu turno, o ilustre desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima, lá da bela São João del-Rei, não deixa de acrescentar observações valiosas ao espírito e ao coração. Eis: “Nos últimos três dias, discorri bastante sobre a fé. Hoje escreverei sobre a razão. Para uns, adversária da fé (tal como Voltaire). Para outros – a quem acompanho – sua aliada (São Tomás de Aquino, por exemplo). Meu filho Marcos, quase completando onze anos de idade, enfrenta uma dura adaptação à rotina de estudos do 6º ano (seria o antigo 1º ano ginasial). Tenho o ajudado nas tarefas escolares. Disse a ele que eu ia pelos treze anos de idade e cursava a antiga 8ª série no saudoso Colégio São João (Salesiano), em São João del-Rei, um professor mencionou o filósofo francês René Descartes (1596-1650), citando sua célebre frase: “penso, logo existo”. Precisamos utilizar bem a inteligência com que Deus nos brindou, enquanto seres humanos racionais. Na Faculdade de Direito, li integralmente “O discurso do método” de Descartes. É um dos livros da minha vida. Começa o autor: “O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída”. Hei de concordar, apesar de o mundo ser hoje um palco de burrices. Passei a me guiar pelas regras do método cartesiano: só aceitar como verdadeiro o que for evidente ao espírito; dividir o objeto de estudo no maior número possível de partes; começar pelas partes mais simples e avançar para as mais complexas; sintetizar o que foi apreendido; fazer uma revisão completa e cuidadosa. Sou cartesiano. Com temperos, claro. O excesso de racionalidade apaga a nossa sensibilidade. A razão precisa ser temperada pela poesia, pela beleza e pelo amor. A racionalidade exasperada levou a regimes totalitários, de esquerda e de direita”. * Jornalista, escritor e membro da Academia Mineira de Letras
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