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Mensagem: O DESENVOLVIMENTO URBANO E O SAUDOSISMO MARAVILHOSO Certo domingo de devaneio, já de manhã - temperatura 22 graus - vários ipês amarelos divulgando a primavera. Percorri vagarosamente pelos quarteirões que ficam na jurisdição da minha casa. O intuito foi de observar tudo aquilo primitivo, sem nenhuma esperança de encontrar os lugares de lazer e casas como eram no passado. Sim, encontrei algumas residências intactas! Outras deram lugar a prédios modernos e as demais viraram garagens. Urbanismo é assim! É uma metamorfose! Conforme estudos: “Atualmente 50% da população mundial vive na região urbana´. O processo da expansão acentuou-se no início do século XX. A proporção de crescimento é impressionante, principalmente em países em desenvolvimento. Tal ocupação urbana, em pouco tempo poderá chegar até em 60% da população de uma macrorregião. De ano a ano as mudanças urbanísticas mudam de maneira extraordinária! Pois bem! Para iniciar a minha caminhada, desci a Rua Januária, a casa do Sr. Aurélio – hoje uma padaria – a casa do Sr. Amaral não existe mais – porém, as casas de Juca de Xixico – Luiz Maia e Juca Macedo (Carteiro) ainda estão de pé. Na esquina da Rua João Pinheiro c/ Tiradentes ainda de pé a casa do Neco Santamaria; mais à frente as casas de Juarez Nobre (está à venda) a casa da Dona Dalva Medeiros (hoje consultórios da família). Subi a Rua Barão do Rio Branco, apreciei o Grupo Escolar Francisco Sá – onde aprendi as minhas primeiras linhas tortas - observei a casa do Sr. Antônio Barreto do mesmo jeito – casa do Sidney Chaves (transformada), mais à esquina a casa da família Parrela que deu lugar a um pequeno prédio. Na Dr. Veloso c/ Tiradentes a Casa de Vovó Clarice Albuquerque virou prédio, onde funciona o Procon - a casa do Sr. Dico Zuba que era praticamente um clube para criançada foi ao chão - a casa do Zim Prates (Bolão), onde Duca e a cunhada Nazaré Prates iniciaram a lida com o “Buffet”, deu lugar ao um prédio residencial para prole Prates - a casa do João Rabelo (na esquina) está de pé - mais à frente no número 1087 defronte onde era o Asilo a casa do José Ponciano (meu avô) foi ao chão. A casa do Sr. Zé Amaro (José Mário Araujo), hoje espólio Dona Terezinha Maia (com seus arcos da Alvorada) – logo a casa do Sebastião Athayde continua em ruínas. Voltei e subi a Rua General Carneiro, o sobrado de Sr. Armando, ainda no lugar – a casa de Dona Henriqueta Pereira deu lugar ao Cartório Eleitoral – virei para a Rua João Souto, vejo o Bar do Bené Braga (esquina) em ruínas - já a casa do autodidata em Direito Sr. Athos Braga (o patriarca) deu lugar a uma garagem – a casa do Wilson Drumond está à venda – a casa da Família do Waltinho (esquina com Januária) ainda resiste. Na esquina com a Praça Cel. Ribeiro, a casa da Dona Arlete Macedo em pé, virou restaurante com as mesmas características. Na Praça Coronel Ribeiro, logo senti que não oferecia mais a segurança e a tranquilidade de outrora, o Cine Coronel, transformou-se em templo evangélico - a casa do Edgar Pereira em pé com seu colossal Ipê Roxo – na esquina o ponto do antigo Bar do Sr. Nelson Vilas-boas, ainda de pé. Antes de descer a Rua Dr. Santos, improvisei um giro de 360 graus para contemplar o Hotel São José que já está sendo demolido. O Chalé dos Oliveira e Telles deu lugar a um educandário. Comecei a descer a Dr. Santos com saudades do boteco do Genaro Barreto (conhecido como Genaro Meu Bem), hoje uma farmácia – a Loja do Sr. Dercy (tudo em eletrônica) se transformou em uma loja “tem tudo” - logo mais, onde era o bar “patropi” com “tira-gostos tropicais”; hoje lojas. A casa do Sr. Mário Viana (hoje uma loja). Há pouco tempo, as casas do Sr Jair Amintas e do Sinhozinho Batista foram ao chão, os lotes oferecerão para construção de uma farmácia – nesta mesma esquina a pensão de Dona Sônia deu lugar a um prédio - a casa de Dona Mestra Fininha (Josefina Ribeiro) virou garagem, neste mesmo espaço tinha como anexos, a Barbearia do Bigode - Caxangá e outro barbeiro que não me lembro do nome, ainda neste espaço o Consultório do dermatologista Dr. Mario Ribeiro - lá tinha até peixaria - em frente à casa da Mestra Fininha o barzinho “couro de boi”; hoje uma loja e uma lanchonete. Mais embaixo a casa de Dr. Crisantino, à sua frente tinha Pensão de Sr. Laércio e a Gráfica Orion – a casa do Dr. João Vale Maurício- de frente onde funcionou o ProntoCor - todas elas cederam para lojas de tecidos – a casa do Luiz de Paula (antes Dominguinho Braga) ainda ostenta a beleza de uma mansão espanhola – na esquina a casa do artista plástico e professor Raimundo Felicíssimo Colares ( Ray Colares) foi abaixo e deu lugar a um prédio. Continuei pela Dr. Santos, vi que a CAIXA Federal ocupou o lugar onde era o Jornal de Montes Claros e o cortiço repúblicas aos fundos. A Drogaria Minas Brasil foi erguida no local, onde, meu “avô Ponciano” dizia que era a farmácia de Juca de Xixico (lembro-me da casa velha). Do outro lado, a Agência Macedo (Waldir Macedo) deu lugar ao Banco BEMGE (hoje Itaú) O prédio da Copasa ocupa o lugar onde era o Hotel São Luiz, que pertencia ao Pai do Engº João Carlos Sobreira - se não estou enganado o nome era Dr. Sebastião, mas, o prédio em si, tinha como proprietário Sr Filomeno Ribeiro; no mesmo prédio, embaixo do hotel, na esquina, era o comércio de Geraldo Moreira (GCMoreira) com várias fotos escalafobéticas na vitrine - em frente, hoje a Farmácia Real - era a loja das Casas Pernambucanas – ao seu lado em frente à Copasa ainda de pé a casa de Manoel Higino Simões, onde morou o Jornalista e escritor, Sr. Manoel Hygino dos Santos. O Mercado Municipal velho, hoje “shopping popular”, dispensa comentários! Voltando pela Rua Camilo Prates só deparei ainda de pé as casas do Nozinho Colares (descaracterizada com lojas) e da sua filha Zezé Colares que era casada com o Dr. João Carlos Moreira – de frente - a casa João F. Pimenta transformou em garagem - na esquina com Dom Pedro II, a magnífica casa do Fábio Rabello, hoje uma garagem - do José Carlos de Lima virou Farmácia – a casa de Antônio Augusto Atayde, também uma garagem – a casa de Geraldo Athayde, onde João Athayde viveu seus últimos dias também transformou em garagem. Andei mais rápido e contemplei um “pardieiro” onde por muito tempo foi o Colégio Tiradentes e cadeia, à frente um tapume de aço que protege os transeuntes dos pedaços de reboco que desprendem de sua fachada; contudo, o tapume proporciona um grande perigo, pois, pessoas dividem a rua com veículos. Cheguei à minha casa bastante saudosista, mas, bastante resiliente! - É a velha história dando lugar para futuras histórias. É indubitável que toda edificação tem a sua vida útil – conforme a NBR 15.575 - que pode ir até 70 anos, a partir daí, são manutenções anuais com custos muito altos. Montes Claros pintou um quadro bastante encorajador de uma sociedade que encontrou um novo impulso imobiliário e a mercantilizou (seus espaços) para aluguéis; isso apresenta uma face multicultural - onde o valor - ecologia e desenvolvimento urbano se unem com muita competição. Abundantes edifícios de “qualidade e bonitos” convertem o saudosismo montesclarense em um recurso precioso para as novas gerações de arquitetos que estão transformando a cidade do passado para modernismo. Por todas estas razões, a cidade há muitos anos já vem apresentando como um modelo a seguir em termos de reconversão social e ambiental - esta cultura da reconversão generalizada já não se contenta em ser emblemática e excepcional. Uma gota d`água numa paisagem imobiliária dominada pelo conhecimento congênito procura qualificar o ambiente construído como um todo, num momento em que as reconversões e outras intervenções nos EXISTENTES representam quantitativamente, até mais do que os novos projetos. Concluímos que de um lado, temos a parte visível de uma cidade - de outro - a parte invisível, formada pelas aspirações e expectativas que ela gera. Após quase dois séculos de urbanização - sabemos agora até que ponto o apelo da cidade deve-se tanto a um bairro como a outro, à imagem e à fantasia. A modernidade chegou, vai avançando e transformando alguns bairros em um museu de arte moderna - sem tirar o brilho e o valor cultural da parte velha de Montes Claros, que é intocável! Em tempo: - “O mais triste da arquitetura moderna, é a resistência do seu material”. VIII - XI - XXII (*) José Ponciano Neto é Historiador/Escritor - Colunista no montesclaros.com - Técnico em Meio Ambiente Natural e Urbano Recursos Hídricos - natural de Montes Claros e Membro IHGMC e da AMALENM.
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