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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um tempo quente Manoel Hygino 1922 foi um ano que muito deu e dará o que falar. Então, no dia 13 de abril, o governo de São Paulo se ofereceu para receber 20 mil soldados do Exército Branco, da Rússia, que fora derrotado pelo Exército Vermelho na guerra civil que se arrastava desde a Revolução de 1917. Após perderem para os bolcheviques, aqueles soldados fugiram para a Turquia em companhia de seu comandante, com medo de serem mortos, caso permanecessem na Rússia comunista. O pedido de acolhida brasileira aos russos foi feito pelo governo francês, que cuidava da integridade dos soldados derrotados. O Brasil aceitou acolhê-los e São Paulo se prontificou até a arcar com as despesas da viagem por navio das forças em risco de vida. Então, a decisão dividiu a opinião pública brasileira, havendo parte que dizia que tanta polêmica seria em vão, pois os russos não tinham o menor interesse em refugiar-se num país tão distante de sua terra natal. Ficar na Europa representava também um perigo, porém, em 18 de março, centenas de marinheiros foram massacrados pelo Kronstadt. Os marinheiros, até então considerados heróis da Revolução de 1917, se rebelaram contra os rigores da política comunista e exigiram uma série de mudanças, como liberdade de imprensa para jornais não ligados ao partido, liberação dos presos políticos socialistas e distribuição igualitária das rações alimentares. A resposta não tardou: Os 50 mil moradores da base/fortaleza de Kronstadt foram atacados pelo Exército Vermelho. Três dias antes do massacre, Lênin anunciara a criação do Novo Programa Econômico, o NEP, que retomava alguns princípios da economia capitalista. O governo argumentava que precisava aumentar a produção de gêneros alimentícios para evitar a onda de fome, que ameaçava o país. Havia mais à frente: no dia 30 de dezembro, a Rússia passou a fazer parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, durante Congresso dos Sovietes. Desde abril, o PC russo tinha novo chefe: Josef Stálin. O grande império, até então dos czares, se transformara, resultado de centenas de anos de abandono dos súditos. Um problema terrível: com a queda de Nicolau II, o governo provisório não conseguia apoio político sequer da Marinha, cuja base em Kronstadt tinha uma população de 55 mil homens. Os reles soldados amotinaram-se contra seus oficiais e, após massacre de muitos deles, fazendo cerca de 200 reféns, aos quais se impuseram os mais pesados e degradantes trabalhos. Nos relatos bolchevistas, sente-se uma espécie de inevitabilidade: os fatos tinham de acontecer.

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