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Mensagem: Inflação e voto Manoel Hygino Os brasileiros, que ainda se informam sobre rendas públicas e se preocupam com a evolução da arrecadação e com investimentos e despesas, deram um sorriso de esperança quando se cientificaram dos resultados das contas de agosto do presente exercício. A arrecadação federal crescera 7,25% e batera recorde. Era um percentual acima da inflação em valores corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Os leitores de jornal fizeram questão de conferir o que se publicava: “O valor é o maior da história para meses de agosto desde o início da série histórica da Receita Federal, em 1995, em valores corrigidos pela inflação. Nos oito primeiros meses do ano, a arrecadação federal soma R$ 1,199 trilhão, com alta de 23,53% acima da inflação pelo IPCA, também recorde para o período”. Nem se chegara, todavia, a novembro, quando se viu que a situação nacional não estava tão aprazível como se pensara. O final de outubro evidenciou que o momento era profundamente melindroso, grandemente influenciado pela polarização política. O problema chegou a tão alto nível que se admitia a demissão de Paulo Guedes no Ministério da Economia, diante do acirramento de ânimo em sua área. Iniciativas de várias fontes se tomaram para arrefecer o quadro já considerado grave, quando o presidente da República e seu ministro decidiram dar uma entrevista coletiva que amenizou o momento. Mas não resolveu as discordâncias que alcançavam o Planalto, quanto ao teto fiscal, ao pagamento da ajuda que Bolsonaro queria dar aos segmentos mais sofridos e até famintos, à questão dos precatórios, à reforma tributária e assim por diante. A última semana de outubro foi lúgubre e as perspectivas para o penúltimo mês não estão as melhores. Podia-se identificar a dúvida mesmo no semblante um tanto sombrio de cada parcela da população, que já deveria estar pensando no Natal, mas agora meditava sobre como pagar seus débitos. No momento, pensa-se em apoios eleitorais e votos e o período se revela extremamente nebuloso. Apesar de tudo, o mais curioso é que há mais candidatos à presidência do que em outras horas da República. Todos sabem, porém, que a ajuda em dinheiro aos segmentos mais sofridos pelas circunstâncias adversas será comida pela inflação, que não dá trégua ou abre horizontes, como se constatou nos novos índices revelados pelas folhas, o período natalino vai ficando assim ameaçado pela dura realidade da hora que atravessamos. Papai Noel poderia dar uma mãozinha.
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