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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Há o que ler Manoel Hygino Posiciono-me como Abgar Renault, há quase dez anos, ao escrever sobre um livro. Falece-me a inclinação para uso dos instrumentos essenciais da crítica. Minha manifestação é a opinião de um leitor comum, mas sensível e apto a exprimir-se, no mínimo, com clareza. É para comentar “O livro de Carlinhos Balzac”, uma novela de Pedro Rogério Moreira, confrade na Academia Mineira de Letras e autor de bons livros, desta vez em edição da Topbooks. Para começar, explico que ele não foi objeto de lançamento, por causa da pandemia, nem será, mas já está nas livrarias e à venda na internet nos sites respectivos. Vantagem deste nosso tempo, que não existia na época do pai do escritor, Vivaldi Moreira, um dos nossos melhores autores. O leitor ou o resenhista se sentirá em apuros algumas vezes, na identificação dos personagens que são muitos nesta novela, e nos episódios em que se envolvem, que não são poucos. Mas, o principal é que ficará atraído por ambos, pois o resultado conseguido pelo autor no seu relato é realmente digno. Recorda o Rio de Janeiro, sempre atraente em um dos períodos mais exuberantes do século passado, embora coincidente com o regime militar. Parte do enredo se passa exatamente a partir de 1964, quando do milagre econômico, durante o qual se aventuraram os personagens, com seus negócios em altitude e despertando interesses em quem queria ganhar a vida e vive-la. Mas Carlinhos Balzac, o protagonista, tem muito a revelar nestas páginas e que ultrapassam a experiência carioca, nos negócios e na vida social, sentimental, incluindo a sexual. Sob todos os aspectos, um livro que se lê com agrado e proveito, porque muito se ainda aprende sobre o cotidiano carioca de então, a paisagem da cidade que não envelhece, embora a capa da publicação seria da histórica rua da Quitanda, que Bruno Dantas fez em instante inspirado. Os personagens, ou dramatis personae, são indeléveis. Como o Francisco José, que percorre do princípio ao fim, numa sucessão de eventos de que participa e que bem definem o seu caráter. Mas, há muito mais: os editores famosos de livros do Rio, os jornalistas consagrados ou focas, sempre vislumbrando o horizonte. Em determinadas páginas, cenas do Rio antigo e algum fato envolvendo Pedro I, sem esquecer a triste visita de Pedro II ao escritor Camilo Castelo Branco, após a República no Brasil. O soberano destronado deslocou-se à rua de São Lázaro, no Porto, para homenagear o autor admirado. Os dois de abraçaram em lágrimas. Camilo já viúvo, quase cego, diabético. No ano seguinte, Pedro morreu de tristeza no exílio.

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