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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: UM PAI INESQUECÍVEL Glorinha Mameluque É tempo de homenagear os pais nessa data tão especial dedicada a eles. Nem precisava, pois entendo que todo dia é o Dia deles, mas para que os filhos se lembrem, era preciso mesmo que houvesse esse dia. Era preciso, para que os filhos dessem neles um abraço diferente e também para que rezemos por eles, para que tenham paciência com seus filhos e sabedoria para guiá-los nesse mundo tão cheio de apelos que os desviam do bem, E com mais fervor por aqueles que já partiram desse mundo, deixando aqui o vazio da sua presença e o perfume da sua saudade, cada dia mais forte, não importando o tempo que passou. Minha homenagem especial hoje é para o meu pai: Manoel Jovino Filho. Chegou em São Romão, minha terra, na década de 20, vindo da Bahia. Muito bonito, tipo de galã, forte, elegante, mas sem eira nem beira, apaixona-se por minha mãe, de família tradicional na terra: Os Caxitos, e logo esse amor foi correspondido pela mocinha que esperava seu príncipe encantado. Não foi aceito pela família. Onde já se viu? Uma menina prendada, de boa família, engraçar-se por um rapaz a respeito do qual ninguém sabia a origem, um forasteiro? Mas o amor deles venceu barreiras e preconceitos e se uniram assim mesmo, contra tudo e contra todos. Meu pai era um paradoxo, que só nós os seus filhos entendíamos: trabalhador, barulhento, não permitia mentiras e ingratidões... meus namoradinhos de juventude tinham até medo dele porque falava alto, queria tirar tudo a limpo. Mas com os filhos era carinhoso, aquele pai que punha no colo, que acariciava meus cabelos, que me carregava no colo quando dormia meu primeiro sono na rede da sala. Até já grandona, eu fingia que estava dormindo só para ele me carregar. Um pai que até chorava emocionado, quando eu apresentava alguma peça na escola. Era um apaixonado pela minha mãe e pelos filhos. Sem ter nem o curso primário, e em São Romão não tinha Ginásio, fez questão de nos mandar para outra cidade, para que pudéssemos estudar, coisa difícil naquela época. Nunca me esqueci dos seus abraços apertados quando nos despedíamos para viajar; do abraço que ele me deu chorando, quando voltei para casa após a morte de minha mãe; do abraço que me deu no dia da minha primeira formatura, dizendo: “Minha filha...” enquanto me apertava nos braços, eu pequena e ele tão forte, de modo que eu sumia dentro dos braços dele... Como me esquecer de um pai tão apaixonado, tão carinhoso, tão preocupado para que os filhos tivessem o que ele não teve na sua vida tão difícil. Chegou estranho e logo se fez conhecido e respeitado: foi vereador por várias legislaturas, no tempo em que vereador não tinha salário e era apenas uma vocação; era o pai dos pobres, quando saía altas horas da noite para socorrer algum doente que precisava dele; era juiz e conselheiro de muitos que o procuravam, com sua sabedoria, que não vinha de livros, mas da sua vida. Hoje descansa da sua luta terrena e por certo, da sua vida de tanta abnegação, deve estar em um cantinho bem especial e merecido, ficando as lembranças e as saudades dele entre nós. Em seu nome, cumprimento todos os pais. Parabéns, papais! Presidente d Academia Monte-clarense de Letras Membro da Academia Feminina de Letras de Montes Claros, da Academia de Ciências, Letras e Artes do São Francisco, do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e da AJEB/MG – Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil

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