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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: O Pavilhão da Gameleira Manoel Hygino Há exatos cinco décadas, uma estrutura de mais de 80 metros de comprimento e com quase 10 mil toneladas desabava sobre uma centena de operários na construção do Parque de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte. Assim, jornal de Belo Horizonte se referiu, em edição de 4 de fevereiro, à tragédia que enlutou dezenas de famílias e lhes deixou um rastro de dor, não completamente apagado. O projeto visava implantar um grande centro de exposições de produtos de Minas Gerais, em termos minerais e industriais, que substituiria a antiga Feira Permanente de Amostras, onde se instalou a Rodoviária. Israel Pinheiro, governador de Minas, queria manter vivo, em quem viesse à capital, o que o Estado produzia, revelando sua importância econômica. Estava-se no final da gestão, que se esgotaria em março, mais de cinco anos, pois, de governo. O autor do projeto era Oscar Niemeyer, que já criara o do Conjunto Arquitetônico da Pampulha e, depois, da nova capital brasileira, no Planalto Central. Israel, no tempo de Valadares, implantara a Cidade Industrial e as estâncias hidrominerais de Araxá e Poços de Caldas, dentre outros empreendimentos marcantes, e esperava inaugurar o Pavilhão de Exposições, cujo vão central seria o maior do mundo. Todas as manhãs, o governador ligava para a obra para conhecer o recalque dos pilares. Ele conhecia obra e a acompanhava como a uma criança. No ocaso, não queria decepcionar-se. O desabamento resultou em 65 mortos e 50 feridos. Para remover os escombros, a Vale e a Mendes Júnior se colocaram à disposição, mas o desastre era maior do que se supunha. Os Bombeiros, sozinhos, não davam conta, até porque, se pretendia salvar operários. O peso da laje principal era de mais de 100 mil toneladas. Jamais ouvi de Israel, com quem me encontrava todas as manhãs no Palácio, qualquer insinuação ou ordem para acelerar o empreendimento, a fim de inaugurá-lo em seu mandato. O terceiro andar do Palácio dos Despachos se enchia de personagens importantes. Inclusive, Joaquim Cardozo, cujo escritório se encarregara dos cálculos estruturais da obra monumental. Não restava muito a fazer, senão buscar os ainda vivos do restante das pesadas peças de concreto resultantes do desabamento. O governador não derramou uma lágrima, embora chorasse por dentro. Os únicos que poderiam falar à Imprensa éramos o redator destas linhas e o ex-senador José Augusto Ferreira Filho. No fundo, havia pouco a esclarecer. Os fatos, dolorosos, diziam tudo.

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