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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Compra de Casal nordestino em Montes Claros não é fake News. Estudo muito interessante e que merece ser divulgado para acadêmicos, estudiosos, historiadores e para o público em geral e para os nossos políticos é a Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo pelo Professor norte-mineiro Laurindo Mékie Pereira com orientação da Profa. Dra. Raquel Glezer. Importante ressaltar que o Projeto do Prof. Mékie teve efetivo apoio da UNIMONTES em diversos aspectos. Prof. Mékie trabalha o regionalismo político norte-mineiro da segunda metade do século XX. O objetivo central é compreender a emergência e o desenvolvimento da ideologia das classes dirigentes, identificando os seus principais componentes, sua difusão e assimilação pelo conjunto da sociedade. Em especial ele analisa muito bem a participação da Sociedade Rural e da Associação Comercial e Industrial de Montes Claros na formulação do conceito de “desenvolvimento regional” e o envolvimento das mesmas com o” Poder político” local. A conclusão mais importante é a de que a burguesia regional se organizou como classe, nesse período, tendo evoluído de uma ação corporativa inicial para o exercício da hegemonia, ao final do século XX. Mas o que mais chama a atenção na sua bem elaborada Tese de Doutorado é a descoberta, durante as suas pesquisas, no Jornal Binômio , de Belo Horizonte de que em Montes Claros, no século XX ainda havia resquícios de escravidão, de escravidão branca, quando casais vindos do nordeste (retirantes) eram negociados . “Em 1959, os retirantes de Montes Claros foram assunto nacional. O jornal Binômio, de Belo Horizonte, divulga que um” mercado de escravos em Montes Claros”, pois os jornalistas, disfarçados de fazendeiros, teriam comprado um casal de nordestinos por 4 mil cruzeiros, com recibo e garantias de saúde do mesmo.” Tal fato teve repercussão nacional e foi contestado pela imprensa montesclarense da época tendo como porta-voz o ex-colunista e Jornalista Lazinho Pimenta. Mékie destaca ainda a participação do Prof. Simeão Ribeiro Pires e dos Professores Alfredo Dolabella e Expedicto Mendonça na teorização das teses separatistas que fundamentaram o Estado de São Francisco e o Estado de Minas do Norte, ambos derrotados no Congresso Nacional. Dr. Simeão é lembrado pelo Prof. Laurindo da seguinte maneira: “Destacamos, ainda, a atuação de Simeão Ribeiro Pires. Pertencente a uma das mais tradicionais e influentes famílias da região- os Ribeiros-, Simeão, formado em engenharia e história, era também fazendeiro, industrial e liderança política. Foi prefeito de Montes Claros entre 1959 e 1963 e vereador nas gestões 1963-1966 e 1967-1970. Entendemos que ele foi um dos principais formuladores da ideologia regionalista, desempenhando o papel de intelectual das classes dirigentes, organizando-as, contribuindo para lhes dar homogeneidade e exprimirem-se política e economicamente, conforme propõe Gramsci. (...) ele foi voz ativa no movimento de 1987-1988, fornecendo a esse movimento (Estado Minas do Norte) um dos seus argumentos mais fortes: a tese da primazia baiana na colonização do Norte de Minas e a similitude dessa região com o restante do Nordeste. Já em 1962 e 1965, ele publicou artigos defendendo suas idéias e as apresentou, de forma organizada e” completa”, em 1979, com o livro Raízes de Minas.” O mérito maior do Prof. Mékie é sistematizar com clareza e precisão científica o processo de formação da “ideologia do regionalismo” traçando um perfil que se iniciam com as bandeiras paulistas, passando pelas disputas políticas de Camilo Prates e Honorato Alves, a criação da SUDENE, os movimentos separatistas patrocinados pela classe política local e contestada pelo centralismo do Governo mineiro. Deixa claro que neste período contemporâneo não houve espaço para significativas manifestações populares e que realmente o processo político foi ditados pelas classes empresariais e intelectuais, com poucas ou raríssimas exceções . Ressalta por fim que as poucas demandas populares de caráter regional foram capitalizadas pelo tripé: Sociedade rural, ACI e Políticos institucionalizados ( Prefeitos, vereadores e Deputados). Referência: PEREIRA, Laurindo Mèkie. Em nome da região, a serviço do capital: o regionalismo político norte-mineiro. São Paulo: USP, 2007. Gustavo Mameluque. Jornalista e Cronista do site montesclaros.com - Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. gustavomameluque@gmail.com

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