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Mensagem: Lendo, relendo, treslendo João Guimarães Rosa, tão nosso, tão íntimo, encontrei nele uma explicação para os momentos pesarosos em que vivemos. Joaozito, nosso menino que ouvia histórias - também de M. Claros - deitado no balcão da venda do pai, bem na frente da estação onde parava, em Cordisburgo, o trem apinhado de bois de M. Claros, Joazito cresceu místico, crente nos mistérios da vida e da morte, a pastoral de Alphonsus de Guimaraens. Em mais de uma oportunidade disse que muito do que escreveu, de própria mão, recebeu, desceu pronto, como também disse o poeta enorme Fernando Pessoa, místico das místicas dos Himalaias, como vi em Lisboa, no pórtico da casa onde Pessoa jogava pedrinhas com Jesus, e onde compôs, recebeu, o insuperável Guardador de Rebanhos. Querem ver?, vejam lá a cômoda alta onde tudo se passou, aconteceu. Eu vi, num noturno imprevisível, improvável, 10 mil quilômetros após (e adiante), que também guarda seus mistérios próprios. Para decifrar o que em certa medida pensava Guimaraes Rosa basta uma frase - para quem vive na eternidade, o momento não existe. Resumo, cito de memória, pode ter alguma variação, mas o sentido é o mesmo, único, igual, constante. Na sua obra, grafava Cardéque, no lugar de Kardek. O que achei nele, dele, agora, que por sortilégios alivia o momento grave e a porfia, e por onde principiei a arenga, mas que pede para ser lido com as luzes mais profundas, generosas, do ´direis ouvir estrelas´: ´E, outra coisa, o Diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto! A força dele, quando quer - moço ! - me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza´. Agora, meçam. Meditem. Concluam. Deus esteja! E fique conosco. ´Já é tarde, o dia declina´

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