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Mensagem: BALCÃO DO BAR DO CAPA III Domingo chuvoso, sete da matina no Bar do Capa. Seis notívagos junto ao balcão curtem o som do álbum Ao Vivo com Tatuí, de Pena Branca e Branca e Tatuí. Degustam, dignamente, uma cachaça curraleira com rusarô, que Fogueteiro trouxe das barrancas do Velho Chico. Ele tenta negociar cem garrafas do produto com o proprietário do exótico balcão, que, em decorrência da experimentação, já quebrou a ficha, tomou muitas e conversa abobrinha. Clientes soltam foguetes para comemorar a água mandada por São Pedro. A música caipira flui em espirais sonoras, violando os corações, formando uma egrégora de alegria e descontração. Após a segunda dose tomada, regurgitam o retrogôsto da marvada PO. Sou convidado a sentir o oroma da boa pinga. Arrepio os pelos do braço e sinto defluxos às carradas! Um apaixonado platônico toma a sua cana caprichada. Estala os dedos, corre água nos olhos. Vai até a porta da lanchonete próxima para sacar o bumbum gelatinoso da garçonete gostosona passante. No balcão, formam-se por similaridade de sentimentos compartilhados entre o boteniqueiro e o notívago Cloves, a dupla Cebolinha e Capa. A galera sorri às bandeiras despregadas, ao me ver redigir essa crônica no bar, nessa manhã de Baco Tupiniquim. Um ébrio penduca o equilíbrio no batente do átrio do bar/oráculo. Olha para a tenda da amplidão nevoada desse domingo e, assim como Calderon de La Barca, se faz a famosa pergunta: Es la vida, um sueño?! Entram as primeiras senhoras que compram o indefectível pacote de macarrão para o almoço domingueiro em família. A Comunidade Terapêutica do Bar do Capa, já excitada pelo álcool, pulula no salão, como uma farândola de diabretes. Batem os pés no piso do salão e as mãos, sincronizadamente, no rítmo da música! A alegria é flagrante! Luizim Cacete chega. Vira uma dose caprichada, medida na risca do copo americano. Passantes com suas sombrinhas multicoloridas cruzam o passeio com destino à missa dominical. Enquanto a Turma da Cebolinha Verde já curte a quarta dose... Há um generalizado gosto de cabo de quarda-chuva nas bocas. Corre a notícia de um striking na orla fluvial do rio Vieira e um velho ébrio aparece no janelão do casarão colonial. Declama com toda ênfase as primeiras estrofes do épico Navio Negreiro, de Castro Alves. O mundo gira, a Lusitana roda. Há, no ar, há um sofrer sem se dar conta, um padecer sem se entender o por quê.... Um rato travestido no inconsciente coletivo da galera mostra a sua roupagem de Dragão da Maldade Contra O Santo Bebum.
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