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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: DR. HERMES Em minhas últimas férias levei o livro “Hermes de Paula – Passado e Presente”, organizado e escrito por Amelina Chaves, e o curti durante vinte dias. Prazerosos, todos eles, iluminados pela presença deste inesquecível montes-clarense em minha mente. Quem, em minha aldeia, não tem uma história dele pra contar? Eu o conheci quando tinha sete anos, porque minha família se mudara da Varginha (sítio onde vivi toda minha primeira infância) para a cidade e meu pai alugou uma casa, vizinha à dele, que, me parece, ainda estava em construção, na Avenida Coronel Prates. E fiquei amigo Virgílio, seu filho, que me convidava para nadar na piscina. Naquele tempo, ter piscina em casa era um luxo. Eu vibrava com os convites e largava tudo para atendê-los. Esta sua casa, onde até hoje residem sua esposa, D. Fina, e sua filha Virgínia, era uma espécie de centro cultural da cidade. Os marujos e catopês ali iniciavam suas alegres caminhadas. As vitórias do Cassimiro de Abreu eram ali comemoradas. Dr. Hermes foi presidente do “Mais Querido”, certamente pelo fato de o time levar o nome de um parente de D. Fina. Depois ganhou um genro, Mauro, esposo de sua filha Valéria, que era festejado craque cassimirense. Quase todas as pessoas importantes que vinham à cidade ou se hospedavam em sua casa ou passavam por lá para visitá-lo. Meu pai e ele eram amigos fraternos e depois que nos mudamos para o casarão da Presidente Vargas ele tornou-se assíduo frequentador de nossos serões noturnos, no passeio público, regados a cafezinhos, pães de queijo e biscoitos de fofão, emoldurados pelo lindo céu estrelado e pela beleza inigualável dos luares de Montes Claros. Sua grande obra literária, “Montes Claros, sua História, sua Gente e seus Costumes”, passou a ser uma espécie de bíblia lá de casa. Meus irmãos e eu sabíamos, de cor, várias partes do livro, especialmente as adivinhações e trovinhas, que recitávamos naqueles serões. Quando ele nos ouvia, na sua costumeira humildade, apenas esboçava um grato sorriso, certamente orgulhoso pelo fato de se ver lido e cantado, em verso e prosa, até pelos meninos da terra que adotou como sua e pela qual foi adotado como cidadão benemérito. Quando resolveu construir o Pentáurea, chamou meu pai para visitar o terreno. Fui com eles, no carro de Nonô. Acho que Dr. Hermes não dirigia veículos, pois nunca o vi ao volante de um carro. Ele sempre pedia a meu pai para opinar sobre as coisas do Clube e eles iam lá, frequentemente, durante as obras. Eu, já grandinho, os acompanhava. Foi aí que passou a me chamar de Augustão, tratamento carinhoso que me dedicou até sua morte. Depois que fui estudar em Belo Horizonte perdi um pouco o contato com ele. Mas a partir de 1970, trabalhando com Mauricinho na implantação da então Fundação Norte-Mineira de Ensino Superior, de cujo Conselho Diretor ele era membro, retomei essa saudável convivência. Ele, sob a batuta de Mauricinho, foi um dos esteios da construção de uma universidade que, hoje, nos orgulha a todos. O conjunto de serestas que Dr. Hermes fundou e manteve até sua morte – e que ainda continua graças aos esforços de D. Fina –, ainda é um dos mais significativos cartões de visita de Montes Claros. Ganhou fama nacional e internacional. Coroava os grandes acontecimentos sociais e políticos com músicas nossas e de outros rincões, no estilo serenata, tocadas e cantadas pelos mais competentes artistas da terra. Esse seu conjunto fez com que a cidade se tornasse mais conhecida ainda por este nosso imenso Brasilzão afora. Eu ficava impressionado com sua energia e seu bom astral. Podia estar extenuado pelo exercício da profissão de médico, mas ainda encontrava forças para viajar, em finais de semana, para os mais distantes lugares, com a maior alegria, animando todo mundo com suas espirituosas brincadeiras. Nunca o ouvi proferir maledicências, nem o vi ofender alguém. Discutia calmamente as idéias, sem ferir pessoas. Um exemplo, para todos nós, de respeito à dignidade humana. Dr. Hermes foi um dos maiores homens que conheci em minha vida. Um grande escritor e pesquisador, um competente cientista e médico, um extremoso amante da arte, um homem extremamente bondoso e um honrado cidadão que nunca deixava morrer a eterna criança que lhe habitava o ser. Que Deus o guarde, grandioso Hermes Augusto de Paula, ao lado de João Walmor e de Virgílio!

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