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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Um sertanejo da velha têmpera Todos que vivem no sertão sabem que “viver é perigoso”, mas foi Guimarães Rosa quem fixou essa asserção no contexto da vida sertaneja. Os tempos passam e, com o passar dos tempos, novas formas de vida se estabelecem, parecendo a muitos que o passado é apenas lenda. Às vezes me pergunto, em questionamento crítico e pessoal, se o desenvolvimento cultural e social dos tempos presentes, que se diferenciam dos tempos vividos há pouco mais de sessenta anos, nos está legando uma melhor forma de vida. Questiono, e sobre isso já me manifestei, se foi correto o desarmamento da sociedade civil para o estabelecimento de uma pretendida paz social, que não veio e que, não se fará presente em curto espaço de tempo. Por mais que se melhore a qualidade da segurança pública, a sociedade civil ainda sofre o mal moral da insegurança, com nossos aplausos necessários à Força Policial de Minas Gerais (a melhor do Brasil). Verdade que, hoje, o direito à legítima defesa é apenas um conjunto de letras no corpo da legislação penal. Não se pode usar do direito à legítima defesa (excludente de ilicitude) sem os meios necessários para neutralizar a ação danosa que lhe seja direcionada. Tive o privilégio de viver em dois tempos históricos: antes e depois do desarmamento civil. Já lembrei, e não custa repetir, que o capitão Enéas Mineiro afirmava, naqueles tempos, que “homem sem uma arma, não é homem”. Mas a arma, naqueles tempos findos, não era uma forma de ataque, mas uma imposição de defesa em um sertão ainda bravio. Naqueles tempos, que não se inscrevem como passado remoto, posto que ainda presentes na memória das gentes, na zona rural do município de São Francisco viveu, entre tantos outros, um homem vigoroso, batizado e respeitado com o nome de Ursulino de Matos Miranda, abastado fazendeiro da localidade denominada Santa Justa, meu particular amigo de agradáveis lembranças. Apenas como um simples registro, Ursulino Miranda, seguindo a tendência da época, comprou em Montes Claros um jipe. No percurso da estrada de chão que ligava Montes Claros a São Francisco, ele mandou que o motorista, que conduzia o jipe, lhe ministrasse as primeiras aulas de direção. Sem controle do volante, ele não conseguiu evitar que o veículo deixasse a estrada e entrasse pelo mato. Já no pátio da fazenda, não conformado, ele mandou fechar as porteiras e entrou no jipe, afirmando: “Agora eu quero ver ele entrar comigo no mato”. Esse mesmo homem, aparentemente brincalhão. Foi vítima de uma tentativa de assassinato. Aproximava-se ele de sua fazenda, montado em um burro de seus arreios, ao passo viageiro do animal, quando, de uma moita próxima foi disparado contra sua pessoa um tiro de carabina, que não atingiu o alvo. O burro assustou-se, mas ele o conteve pelas rédeas no meio da estrada e sacando o resolver que portava à cinta gritou, voltando-se para a moita de onde havia saído o tiro e dirigindo-se ao possível autor do disparo: “Manobre a carabina pr’eu saber adonde ocê tá!” Segundos de silêncio; minutos de espera. Nada. Nenhum movimento na moita. Ele ali, a descoberto, parado no meio da estrada, revolver em punho, o animal contido pelas rédeas, sem nenhuma proteção a não ser a sua coragem férrea. Finalmente, o seu desafeto, esgueirando-se por entre as árvores, saiu em disparada pelo cerrado. Ele não o perseguiu. Recolocou a arma à cinta e apertando as ilhargas da montaria com as esporas, reiniciou sua viagem como se nada tivesse acontecido.

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