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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: João Luiz Lafetá Observa Nelson Werneck Sodré que “quando Machado afirma a literatura como mais do que passatempo e menos do que apostolado compreende que a arte não se destina a preencher os ócios, como era aceito naquele tempo e em muitos meios, mas tem missão a cumprir e deve ensinar aos homens as coisas da vida, mas tal ensino perderia vigor e se diluiria na refratariedade se tomasse a forma de um apostolado, se denunciasse intenção. Assim, realiza a sua obra a mais alta elaborada em nosso país, aquela em que está mais presente o Brasil, numa fase característica de seu desenvolvimento”. Não há dúvidas de que a arte literária não é apenas um passatempo, ela é uma forma de elevação cultural, de marcar para a posteridade a presença de um tempo histórico, de ontem para hoje. Costumo dizer que só tenho dois dias de vida: ontem e hoje. Esta ideia está presente no entendimento do ser humano. Ontem foi o que vivi e hoje o que estou vivendo. A minha relação de vida está vinculada ao ontem. A poetisa francesa Marguerite Yourcenar afirmou que “quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana”. Nessa mesma linha de pensamento William Faulker nos faz lembrar que “ontem só acabará amanhã, e amanhã começou há dez mil anos”. A relação entre o presente e o passado é a única projeção de vida que se conhece. O amanhã da humanidade, todavia, começou desde que somos homo sapiens sapiens. O passado e o presente são projeções do futuro. Vivemos o hoje relembrando o ontem, seja ele triste ou alegre, sem nos preocuparmos objetivamente com o amanhã, que nos é desconhecido. Alguns, aparentemente precavidos, preservam, para o amanhã, valores materiais que desaparecem com eles. Outros, mais cautelosos, conservam valores culturais, que ultrapassam o momento presente para se projetar no amanhã, nem sempre lembrado. Leio em Cassiano Ricardo, quando ele aponta situações inusitadas, que “Anhanguera morreu tão miseravelmente sem ouro, como Fernão Dias tão enganado pelas esmeraldas. Borba Gato teve de viver entre bugres, para não morrer à míngua. Os irmãos Leme foram vítimas de uma quadrilha que os espoliou de tudo quanto possuíam. Antônio Raposo Tavares deixa a fortuna de 170 mil réis. João Leite da Silva Ortiz morre envenenado, longe de São Paulo, espoliado de seus bens pelos abutres do fisco pernambucano, na frase de Taunay, isso depois de haver conseguido os maiores descobrimentos em todo o sertão de Goiás”. Contudo, ficaram marcados para a posteridade. De todos eles nos lembramos. Quando se fala em Mário de Andrade, Agripino Grieco, Tristão de Atayde, Guimarães Rosa, Octávio de Faria, João Luiz Lafetá, imortalizados pelas suas obras, nosso espírito se eleva para as alturas incomensuráveis da cultura brasileira, nas mesmas dimensões dos escritores clássicos e dos críticos literários de todas as Escolas. Se não conhecesse Montes Claros, sua vida e sua gente, não poderia incluir a figura imortal de João Luiz Lafetá entre os homens de nossa região, porque ele ultrapassou os limites territoriais desta terra, dotado que foi de saúde moral e riqueza cultural. Quem lê “1930: A Crítica e o Modernismo” distancia-se, por uma projeção necessária, da sofrida região Norte Mineira para projetar-se no cenário supra terrestre onde vivem os luminares da cultura brasileira de todos os tempos. Ao concluir a leitura do livro, que me foi gentilmente ofertado pelo seu pai, depois de algumas reflexões positivas, não me restou outra alternativa que a de repetir, como se minhas fossem, as palavras de Antônio Cândido de Mello e Souza: “Ao fecharmos este livro tão bem concebido e realizado, e pararmos para pensar sobre ele, o sentimento principal é de admiração pela coerência e a força interpretativa com que o autor realizou o seu intento, armado de uma firmeza teórica e uma imaginação crítica que fazem, mais uma vez lamentar a sua falta”. João Luiz Lafetá foi professor de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. É um dos principais estudiosos da obra crítica e poética de Mário de Andrade. Não conheci João Luiz Lafetá, não convivi com ele. Conheço, hoje, sua vida e, principalmente, sua produção literária, que sobreviveu à sua passagem. Com acerto e com honra o seu nome foi imortalizado como Patrono da Cadeira nº 37, da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco – ACLECIA. Neste sofrido País, embalado pela insegurança e abalado pela corrupção, entre ler um jornal que nos deprime e um livro que nos instrui, muitas vezes a última opção é a melhor.

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