Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: Um mergulho na infância José Prates Interessante o que acontece conosco no correr do tempo, quando vivemos distantes dos lugares que foram palco de nossa infância, juventude e adolescência. Em muitos de nós, hoje, ao contrário de ontem, a labuta diária, o corre-corre que nos impõe o trabalho na pressa de crescer e “chegar lá” , pouco espaço nos deixa para pensar sobre o passado, principalmente, o distante, a menos que sejamos a ele chamados quando ouvimos qualquer referencia a esse tempo. Aí, então, a nossa mente sai do presente, mergulha na memória buscando as gravações no CD da existência, para projetá-las na tela da lembrança. Nesse caso, o trabalho pára porque as projeções na lembrança nos imobilizam e nos conduzem aonde vivemos e como vivemos no passado. No nosso caso, um simples e-mail nos levou ao palco de nossa infância despreocupada, correndo na rua, de peito nu, com os pés queimando nas pedras quentes do calçamento. Quem nos chamou ao passado, foi João Paulo, falando sobre Jacaraci. Na lembrança, a pequena cidade baiana cresceu e nos postamos no alto do “cruzeiro” para ver o casario caiado de branco, que se estendia aos nossos pés. Ali perto está a “areia branca” que nos enfeitiçava quando criança, mas, agora, não vamos lá. Queremos ficar em baixo do campanário, aqui na Igrejinha, andando com a visão da mente, pelas ruas sossegadas da Jacaraci menina pequena, bela e inocente. Vamos começar pela rua das pedras. Rua pequena, estreita que mal cabe as mulheres sempre em conversa, na calçada. Descemos um bequinho e chegamos à Rua do Fogo. Lá, nos encontramos com Tone e Yozinho, nossos primos, filhos de Tio Juvenato que vende na feira, garapa com requeijão e “tijolo”. Só ele sabe fazer uma garapa tão gostosa. Não paramos ali, nem ficamos de conversa com os primos. Tio Eloy está sentado na calçada, conversando com Joaquim de Silvina, que chegou ontem de São Paulo, exibindo uma bonita “bota sanfona” e um vistoso lenço no pescoço. Colocou, até, dente de ouro. Andamos mais um pouco e, quase na esquina, encontramos Julizart que saia do Teatro Municipal. Paramos e ficamos a admirar o bonequinho que embeleza a fachada do prédio, uma obra de “seu” Mozart David, que foi um misto de político e artista plástico, aliás, dos bons. Dali, dobramos a esquina no prédio das Escolas Reunidas. As aulas haviam terminados há pouco e a grande mestra Dona Julieta, saia pelo portão, seguida da meninada em algazarra. Descemos. Passando pelos Correios, vimos Vivinha à janela e fomos falar com ela. Lá encontramos, também, Dona Dedé, sua mãe, que nos ofereceu café. Mais em baixo, quase chegando na farmácia de “seu” Chiquinho, encontramos com Lafontaine que fez questão de nos acompanhar, começando a falar sobre a guerra na Europa, obra de Hitler, ditador alemão. A Polonia havia sido invadida. Não nos interessava a conversa, mas, Lafontaine, menino intelectual, fazia questão de explicar, “tim-tim por tim-tim, o que estava acontecendo “lá fora” . Indiferentes à conversa de Tai, fomos seguindo pela Rua do Meio e lá na frente, encontramos Celso, o Coletor Estadual, pai de Celdite, varrendo a calçada do sobrado. Entramos no beco de “Titone” e chegamos à Rua de Baixo, bem em frente à casa de Tio Antonio Julio e vimos tia Amélia e Nina que estavam na porta, de vassouras nas mãos. Dobramos à esquera, passamos pela casa de “Sá” Maria e Albino, encontramos “seu” Athanásio dissemos bom dia e rumamos para o Largo da Feira que estava vazio. Passamos por dentro do mercado e chegamos ao rio de água limpas. Tomamos água da bica e olhamos o céu limpo de nuvens Voltamos ao presente, quando nossa neta Anna Catharina chegou e tocou-nos no ombro. A tela do monitor à minha frente, estava vazia, esperando-nos. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima