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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Do avião grande a Seu Joaquim Mendes ( Seu Quincas). Depois de muitos anos desci no aeroporto de MOC no vôo da gol, um boing, no início desse mês, pensei que felicidade não ter que voar mais em aviões pequenos como até então tem sido nos últimos anos, fiquei alegre por isso, quando o avião começou os procedimentos de pouso já bem baixinho a aeronave arremeteu, tomei um susto: ainda não será dessa vez, pensei. Voamos mais um pouco até que foi anunciado que pousaríamos, como de fato aconteceu. Do aeroporto seguimos, eu e primos (as) para jantar e tomar uma cerveja geladíssima, e assim fizemos. Lá pelas duas da manhã estava chegando à casa de meu pai, verdadeiramente foi naquele momento que eu pousava em minha história, me deparei com a pequena casa onde cinco filhos foram criados. Não entrei imediatamente, pois sempre me preparo antes, como se segurasse no peito, para me deparar com a ausência de minha mãe. Fiquei um pouco na porta olhando toda a extensão da rua João Pinheiro escura e silenciosa, parecia um rio que ia escorregando a vida das pessoas. Olhei para o lado da casa e vi que algo estava faltando também, a casa de seu Joaquim Mendes, irmão de seu Ducho, não havia mais nada só escombros, casa demolida. E ali, naquela hora em que os sonhos maternam o sono que revi, como algo real, Seu Joaquim na prática de seu ofício, ele era barbeiro, e foi através das suas folhinhas penduradas na parede, que imaginei e ouvi dele as primeiras informações sobre o mar, talvez histórias, e daí comecei a imaginar e a criar o meu mar. quando o conheci de verdade, as areias em alto relevo construindo curvas e labirintos, lembrei-me imediatamente de seu Joaquim e de uma de suas folhinhas: nossa é igualzinho à folhinha que tem na barbearia de seu Joaquim. Isto por volta dos meus 11 ou 12 anos de idade, a partir daí afirmei internamente a sabedoria de seu Joaquim. Lá em casa, quase todos perguntavam a ele se ia chover, isto tudo quando tínhamos algo importante para ir, festas, aniversários...,dias desses minha irmã Ana Paula me lembrava disso, eu era bem criança na época, lá pelos 05 anos, e ele sempre informava todos sobre o tempo, quando errava na previsão explicava a força dos ventos que levara a chuva para cidades próximas, mas não estávamos lá para atestar se havia chovido, também isso não importava. Eu adorava ficar na barbearia aos sábados, perto do meio dia, quando as pessoas que vinham do interior, zona rural, que haviam trazido suas frutas, suas colheitas para vender no mercado, começavam a retornar em suas carroças e por lá paravam para fazer cabelo e barba. Ali eu ouvia as histórias mais diversificadas, enquanto seu Joaquim pacientemente ia transformando os rostos suados e cansados daquela gente, pela lida diária, dando-lhes a suavidade de quem conseguiu o êxito das vendas de seus produtos, e que levavam para as suas casas o sustento das suas famílias, vitoriosos. Seu Joaquim amava a sua profissão e com ela criou uma numerosa família juntamente com D. Nenzinha, tão querida de minha mãe. Eu só saia da barbearia já de noitinha, quando ele pegava o violão e dedilhava a ave-maria, e algumas músicas da seresta João Chaves, era mágico, não havia voz, somente a vibração das cordas nos tons que as canções foram criadas. Um certo dia chegou seu Duxo e os dois tocaram, e eu ali ia me encantando com o canto tocado, tratava-se da música “amo-te muito”, composta por Jão Chaves, era a primeira vez que a ouvia, senti-me comreendido na minha natureza humana, compreendi sentimentos que sentia mas que não sabia o que eram, como uma saudade de algo que não sabia, desde então eu sempre pedia a seu Joaquim para tocá-la, e ele como um avô bondoso, tocava o hino nacional e depois tocava a música a qual se eternizou em mim...como era habilidoso, e amoroso este homem,. e sua casa tão grande escorregou pela rua João Pinheiro, assim como ele, que montando em sua bicicleta, pedalando seguiu o curso da rua e decolou, até sumir, brilhando como uma estrela...para sempre, na cidade onde hoje voltou a pousar o avião grande...

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