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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 25 de abril de 2024
 

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Mensagem: Os Passarinhos Alberto Sena Rever fotografias antigas é gostoso. Deve haver quem não goste, mas para quem gosta é uma viagem ao momento e à realidade do tempo congelado na foto. Vire e mexe faço incursões nas gavetas para retirar papéis desnecessários que vamos guardando no dia-a-dia. Foi numa dessas incursões que encontrei a reprodução de duas fotos antigas. Nada de especial, mas divido com quem continuar até o fim a leitura que faço dessas fotos. Os fotógrafos gostam de dizer que uma foto vale por mil palavras. Mas às vezes carece de algumas palavras mais quando se trata de uma apreciação subjetiva. Veja a primeira foto. A câmera fotográfica deve ter sido disparada no ano de 1956. Sobre a outra nada posso dizer e o leitor já vai entender por quê. Era de manhã. Estávamos no quintal da casa da Rua São Francisco, quase esquina de Rua Corrêa Machado, em Montes Claros. A fotografia foi postada, para comprovar a leitura. Veja-a. Eu sou o do meio. Do meu lado direito está o irmão Tone – Antônio Claret de Sena Batista. O menino do meu lado esquerdo é o sobrinho Ricardo Batista Lopes, filho de Elza Batista Lopes e Raimundo Lopes, já falecido. Eu tinha sete anos. Tone cinco anos e Ricardo três anos. O que mais chamou a atenção na foto, como o leitor poderá comprovar a uma simples olhadela nela, foram as duas sombras que aparecem refletidas no muro. No primeiro momento, nem me lembrava mais do autor da foto. Mas ao observar as sombras no muro, afirmo sem medo de errar, a maior é do meu pai, que certamente disparou a máquina. A sombra menor é da minha mãe. A outra foto antiga que pode ser apreciada nesta ocasião apresenta os meus pais, Elvira de Sena Batista e José Batista da Conceição, ‘Zé Bitaca’, como o chamavam. Mãe tem Miguel nos braços. Ele nem chegou completar um ano, morreu devido a uma ‘diarréia brava’, contavam. Quase em pé na namoradeira está José Venâncio. Ao lado dele, Ladinha e na sequência, Elza, Waldyr e Terezinha. Esta é a primeira leva de filhos do casal. Na segunda fornada vieram Célia, Lúcia, Wanda, Alberto e Antônio. Olho para essa foto e imagino, pois nem nascido era, como devia ser difícil criar 11 filhos, mesmo naquela época, antes, muito antes do advento da televisão. O rádio era o meio de comunicação. As casas tinham quintais. Esta era a grande vantagem. O quintal era o nosso jardim de infância com muitas árvores frutíferas, passarinhos aos bandos. Nesses dias globalizados deve ser muito raro encontrar um casal que possua 11 filhos. Um, dois, três e estourando, quatro filhos, é o que encontramos por aí. Costumo dizer: acho ‘lindos’ os filhos. Aquela criançada correndo para tudo quanto é lado, gritando, brigando, fazendo algazarra. Acho lindo, mas nas casas dos outros! Os meus já estão criados, cada um buscou o seu caminho, de modo que, se muito, a casa agora é dos netos. Um deles, filho de alemão, mora em Bremen, justamente de onde me veio uma das primeiras histórias que li assim que me alfabetizei no Grupo Escolar Gonçalves Chaves: ‘Os músicos de Bremen’. Aos quase dois anos de idade, ele tem tudo para se tornar músico também. Está a caminho uma netinha, prometida para maio. A mãe é descendente de japonês. Tudo indica que ela vai apresentar traços das gentes do ‘Sol Nascente’. Depois de tudo isto, a conclusão: ‘não há nada de novo debaixo do sol’, como diz o Eclesiastes bíblico. Mas o mais curioso é pensar que, de uma árvore, quer dizer, de um casal tanta gente tenha vindo ao mundo. Se fosse o caso de reunir os filhos, netos, bisnetos e tetranetos dos meus pais, melhor seria contratar os serviços de um clube do tipo Pentáurea, em Montes Claros, ou Minas Tênis Clube 2, daqui de Belo Horizonte. É gente que não acaba mais. Acho que o mal das crianças é se tornarem adultas. Mas temos que nos conformar com isto. Pois diz no livro ‘O Profeta’ o grande Kalil Gibran: ‘Vossos filhos não são vossos filhos; são filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma; vieram através de vós, mas não de vós; e embora vivam convosco, não vos pertencem’. Essas palavras de Gibran ajudaram muito na criação dos meus quatro filhos. Amo-os e eles me amam, mas sem apegos. Eles são como passarinhos. Criaram asas. Voaram e fizeram os seus ninhos. Como os meus pais fizeram e nós criamos os nossos ninhos. Um dia todos passarão. Inclusive, ‘eu passarinho’, só para lembrar Mario Quintana, gaúcho de Alegrete (RS), um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos.

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