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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 10 de maio de 2024
 

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Mensagem: Saudades de tempos passados As recordações da infância nos acompanham a vida inteira acrescidas de fantasias. Viajo nelas envolvida pela alegria, que só as crianças têm. Abro o coração e me aparecem pessoas, acontecimentos, mais um emaranhado de lembranças. Montes Claros de todos os tempos! Minha Montes Claros que não existe mais, mas ficou em minha memória como o tempo de minha meninice; das casas com mangueiras, caramboleiras, goiabeiras, abacateiros. Árvores que viajavam para a África onde nos transformávamos em Tarzan, Jane e Boy. Da minha juventude no Montes Claros Tênis Clube onde aprendi a nadar com Sabu e dancei nas luminosas manhãs na boate da Praça de Esportes. Dos 15 anos em diante fazer o footing na Rua 15 e se o rapaz olhava depois de algumas voltas, era o escolhido para flertar e quem sabe até iniciar um namoro. Aos domingos assistir os filmes nos cines São Luis, Cel. Ribeiro e Fátima. Mamãe sabia da minha paixão pelo cinema, e, se houvesse qualquer desobediência, o castigo era não ir ao cinema aos domingos. Saio da Rua 15, desço a Simeão Ribeiro e chego à Praça Dr. Chaves. Tão singela, tão bem cuidada, com seu coreto, o laguinho e o repuxo que respingava gotas de água e molhava minha face. No laguinho, jogava pedrinhas que faziam círculos que se ampliavam e eu ficava como que hipnotizada acompanhando o movimento da água. Era o meu jardim secreto, tinha meu banco onde namorava ao lado de uma espirradeira cor de rosa. Nele trocávamos carinhos inocentes e fazíamos projetos para a vida que se escancarava diante de nós como uma promessa de felicidade, que graças a Deus se concretizou. Da velha cidade lembro do meu Instituto Dom Bosco, uma escola – paraíso onde aprendi o mais importante da minha vida: ler.Obrigada D. Lili. O Grupo Escolar Francisco Sá, num casarão da Pedro II com Camilo Prates. O Colégio Diocesano onde vivi uma adolescência de sonhos e o Colégio Imaculada onde conclui minha vida estudantil. Sobre os carnavais no Clube Montes, entre confetes, serpentinas e marchinhas – Touradas de Madri, Jardineira, Alá lá ô – e outras. Mas o melhor de tudo era o delicioso e inebriante lança-perfume rodouro na sua embalagem dourada. Tomar sorvete no Minas Bar, sob o fícus copado, que dava uma sombra e uma brisa deliciosas. Sorvete tomado em taças de prata: 1 bola de côco, 1 de abacaxi, ou uma bola de ameixa e outra de creme holandez. Depois beber uma taça de guaraná Champagne da Antártica. Na Simeão Ribeiro, no bar de Zim Bolão, tomava-se um cafezinho com biscoito de farinha, broa de fubá e pão de queijo. Maravilhas feitas por Dona Pretinha e suas filhas. Mas, infelizmente, com o machismo da época, não ficava bem senhoras e senhoritas se acercarem do balcão, para saborear tais delícias. Oh! Meu Deus, como o preconceito impedia a gente de ser ainda mais feliz! Obrigada Simone de Beauvoir, Rose Maria Muraro, Danuza Leão e outras que abriram novos caminhos para nós. Pergunto-me: onde está o “eu” que ficou na então singela cidade? Penso que esteja nas mediações da Rua 15, Afonso Pena, Cel Prates onde travessuras e brincadeiras de criança aconteciam. Bilboque, ioiô, Boca de Forno, Pique, maré, gata parida. Tenho saudades da Montes Claros pequenininha e de uma colina chamada morrinhos. Quando ia lá olhava para todos os lados, procurando lugares do mundo. Paris teve a sua belle-époque e tenho certeza que a minha geração também teve na nossa Montes Claros, sua bela – boa época. Esta crônica é dedicada a Maria Elisa Colem e Tasso Freitas pela sua Bodas de Ouro. Carmen Netto Victória Dez/2010

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