Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: Fiquei, como muitos, espantado com nota publicada neste Mural em que o autor, defendendo o barulho que remete aos outros, sugere que os incomodados se retirem, pois que seriam obstáculos a um tipo de ´progresso´ que existe no mundo da sua visão particular. É raciocínio tosco, anacrônico, primário; melancólico mesmo, embora busque revestir-se de modernidade, em tudo falsa. Aqui, ou em qualquer lugar do mundo, jamais poderá um dia ser verdade que o ruído produzido artificial e deliberadamente (diferente do labor próprio das atividades rotineiras de uma cidade), quase sempre por deformação psicológica de quem o produz, seja sinônimo de progresso, sequer de modernidade. Há dias, ouvi de amigo que retornava de recente viagem por meia-dúzia de países da Europa que em todos estas grandes capitais, todas, sem exceção, é possível viver e principalmente dormir tão bem, em silêncio e segurança, como se dorme ´numa roça´ - que o autor tanto abomina, embora esteja na origem de nossa cultura. Disse mais o amigo: morando eventualmente aqui, descreve a nossa M. Claros como uma das mais barulhentas cidade que conhece, aí incluindo capitais notoriamente barulhentas como BH, Salvador e S. Paulo, ainda assim menos ruidosas. Lembrei-me então de nota publicada neste Mural, há cerca de dois anos, assinada por Isaías. Saí à sua procura e a trago. Sua republicação é útil. Primeiro, para mostrar como a população, exausta e ordeira, vem pedindo há anos que as autoridades apliquem as leis e retirem os moradores do suplício a que estão entregues. Segundo, e mais importante: para desmanchar o equívoco e a deformação de que possa existir em algum lugar um direito de fazer barulho para que os outros o suportem. Por favor, releiam este Isaías: A mensagem do Sr. Antônio Sérgio, ao sugerir que mudem da cidade os que estão em desacordo de que a cidade se transforme, cada vez mais, no pandemônio em que já virou, é toda ela cheia de equívocos. Alguns anos de estudo talvez clareiem o raciocínio do autor. Primeiro: a questão não envolve, de nenhuma forma, o embate entre correntes religiosas. Definitivamente, não. Este tempo está superado. Trata-se de barulho. Apenas de barulho. Em certas áreas de pouco conhecimento, necessitadas de mais leitura, de estudo e aplicação, de cultura mesmo, infelizmente prospera uma corrente, deformada e deformadora, que sugere um vago direito que teriam os cidadãos, isoladamente ou juntos, de fazer barulho. Por este pensamento, pessoas teriam um estoque de ruídos a produzir, subordinando os ouvidos alheios. É deformação. O Direito Universal, todo ele, principia no Direito à Vida.Ora, direito à vida é o mesmíssimo Direito à Saúde. O mundo inteiro reconhece que altas doses de ruído são prejudiciais à saúde e, portanto, à vida. A rigor, o que existe é o direito ao sossego, ao silêncio protegido, nos níveis que a vida pede para que prossiga. Cabe ao Estado, por delegação de todos nós, assegurar a Vida. Existe, portanto, o direito ao sossego. Não existe de nenhuma forma Direito de Fazer Barulho, religioso ou não. O crescimento das cidades, como alega, também não legitima o barulho – é outro equívoco, embora o barulho por via de conseqüência desponte aqui e ali, por razões óbvias, e não deliberadas. Desenvolvimento não é barulho. Nunca será. Com exceção da ainda anárquica Roma, mas ainda assim em padrões infinitamente menores, as grandes metrópoles do mundo – digo do Mundo Civilizado – são silenciosas, muito mais do que nós, embora maiores. É só verificar. Procure informar-se. O senhor A. Sérgio ainda diz que o Parque de Exposições e a Praça dos Jatobás são “tipicamente” locais de eventos. Não são. O Parque de Exposições, como o nome indica, é parque de exposições, de feiras agropecuárias. Por décadas, não foi um Parque de Shows, o que virou agora, diante das dificuldades crescentes na economia do campo, o que não lhe autoriza a abrigar barulhos de toda espécie. É uma deformação grave, que a lei e as autoridades devem coibir. A lei já proíbe, mas a lei, ora a lei, a lei dorme numa gaveta. Quanto à Praça dos Jatobás, ou dos falecidos Jatobás, como aqui bem disse uma moça, ela é toda envolvida por bairros eminentemente residenciais. Deve ser, e é, protegida pela lei do silêncio, que deixou de ser aplicada por conveniência política/eleitoral, transitória. Hora de obscurantismo, mais um, como foi aquele carnaval temporão nos fundos da Santa Casa. Lembra-se? Os “murmuradores´, saiba por fim, somos nós, pessoas iguais a você, investidas nos direitos elementares, direitos que lhe autorizam a dizer o que quer, dentro da lei, e nós, respeitosamente, a ouvir. Isto sim é pratica da democracia. É o respeito mútuo, civilizado, alto, humanista. Que, contudo, não extrapola ao ponto de autorizar alguém a produzir o ruído que desejar para ferir os ouvidos e o Direito à Vida dos demais, seus semelhantes. Ou dessemelhantes, pois assim nos julga. (Sugiro-lhe ler, quando puder, e talvez com urgência, o poema “Apelo aos Meus Dessemelhantes, do poeta CDA) Quanto à cultura rural, ela é de quase todos nós. É patrimônio de que nos orgulhamos, e nos orgulharemos. A vida, quer seja na roça, quer seja nas cidades, é sempre a mesma Vida, dádiva de Deus nosso Pai comum, e de maneira sublime clareada pelo seu Filho Querido, nosso Irmão Jeshua, a quem amamos, com igual e mesmo fervor que os irmãos que defendem o barulho como forma de persuasão e de convencimento. Quanto à sua última frase – “Quem não aceita conviver com as diversidades e as manifestações, que mudem para um lugar deserto, pois talvez a vida de heremita seja o alvo maior que procuram” – ela é sugestiva de argumentos nascidos dos escaninhos mais profundos da escuridão e da intolerância. Hitler não usou raciocínio muito diferente; o fascismo o consagrou. Peço que nós, os murmuradores, nos abstenhamos de aceitar a sua sugestão de, modernos eremitas, nos transportarmos para um deserto – aonde se refugiou Saulo, por mil dias, ao encontro de si mesmo. Mas, peço licença para que, podendo, sugerir-lhe que envelheça. Envelheça um pouco, e de preferência sem produzir ruídos, para que possa ouvir a sua alma profunda. Isto lhe fará muito bem. E não mais encontrará necessidade de enviar seus irmãos ao deserto, que não o do esclarecimento e da luz. Com apreço, e amor, reunidos todos em torno da lição do mestre comum.´

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima