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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Uma cidade chamada MOC Waldyr Senna Batista Foi muito oportuno o artigo, publicado na última quinta-feira, neste espaço, no qual Haroldo Lívio, para destacar o cinquentenário de lançamento da revista “Encontro”, em Montes Claros, estabelece liame com os otimistas anos 60, da bossa nova, do cinema novo e da inauguração de Brasília. Abriu assim oportunidade para lembrar também dois fatos, no mínimo pitorescos, relacionados com a revista, que se constituiu em marco na imprensa local. Na edição de outubro de 1960, ela focalizou a universitária Tereza Lafetá, que pontificava como um dos mais belos rostos da cidade e era tida como uma das jovens mais inteligentes e cultas da época. A entrevista foi publicada com o título “Beleza, teu nome é Tereza” e deu ênfase à maior presença da mulher na sociedade e no mercado de trabalho. A entrevistada declarou-se favorável ao que chamou de “modernização da mulher”, apoiando o que fosse “essencialmente feminino, honesto e simples” e condenando qualquer tipo de exagero ou exibicionismo. Disse: “Creio que cabe à mulher um direito mais amplo, quase ao lado do homem, nas lutas da sociedade moderna”. Na opinião dela, as mulheres estavam à altura de ocupar postos de chefia nas administrações públicas, desde a Prefeitura de Montes Claros até a Presidência da República. Relidas à distância de cinqüenta anos, essas palavras soam como óbvias, mas, quando foram proferidas, tiveram também certo sentido profético, só agora concretizado: Cristina Pereira ocupou a Prefeitura local por trinta dias e Dilma Rousseff prepara-se para assumir a chefia do Governo brasileiro. O outro fato prende-se ao uso de “MOC” para designação de Montes Claros. Augusto Baladoce, há pouco tempo, erroneamente, atribuiu essa criação à irreverência de Darcy Ribeiro, que na verdade nunca proferiu o termo, pelo menos não publicamente, que se saiba. Quem primeiro fez uso dele foi um certo Parcifal de Almeida, que assinava na revista “Encontro” o que se denominava como coluna social, mas que era uma sátira a esse tipo de jornalismo, que àquela época despertava grande interesse, graças a Jacinto de Thormes e Ibraim Sued. Na edição de junho de 1960 da revista, o sempre mordaz colunista, ao criticar a expressão “gente bem” usada pelos cronistas sociais, afirmou: “Pois não é que aqui em MOC ( abreviatura de Montes Claros na aviação), por sua vez formou-se também um grupinho esnobe e fútil que se considera muito “bem”?”. Dali em diante, ele insistiria no uso do termo, que se expandiu rapidamente, até que, na edição de dezembro do mesmo ano, diria: “Minha maior satisfação e glória foi saber que criei um neologismo (MOC), o que significa que este erudito homem de letras deu sua humilde contribuição para enriquecimento da nossa decantada flor do Lácio”. E aplaudiu a criação, em Belo Horizonte, do “MOC Clube”, clube “volante” que pretendia reunir a numerosa colônia montes-clarense na Capital. Nos termos em que era redigida, a coluna constituía uma brincadeira, criada para aguçar a curiosidade do leitor, mas o apelido dado à cidade acabou sendo levado a sério, ao ponto de, hoje em dia, passar a substituir, em muitos casos, o topônimo da cidade, mais ou menos como acontece com “BH”. E o Parcifal de Almeida, na sua coluna de fevereiro de 1961, jactava-se de haver introduzido nos usos e costumes da cidade o que antes não passava de abreviatura constante do código da Aviação Civil, servindo apenas para “marcar nossas malas”, como ele afirmou. E acrescentou o irreverente colunista: “Eu que a fiz palavra, dei-lhe atestado de autonomia”. Dando cordas à criatividade, inventou que o “novo ministro da Aeronáutica, o Grum Moss, prometeu condecorar este cronista com a Medalha do Mérito Aeronautico, por ter difundido a sigla MOC”. Mas, afinal, quem foi esse Parcifal de Almeida ? Transcorrido meio século, este continua sendo um grande mistério, que só Haroldo Lívio será capaz de desvendar. Ou ele fala agora ou se cala para sempre... (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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