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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

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Mensagem: OS GUERREIROS DE AGAMENON Nos nossos Montes Claros tem de tudo, no mínimo uma versão diferenciada dos fatos. Cidade pólo, com população constituída na sua maioria de gente oriunda de outras cidades do Norte de Minas, muitos vieram para construir o futuro, estudar em nossas escolas, faculdades. Como o mudo é composto, também aqui chegaram alguns para fazer guerra. Falo de dois cidadãos que se apresentavam como ex-combatentes. Um dele, movido pela alma da cachaça ingerida, pinta de artista da roça, topete de galã. O outro, por puro exercício de bazófia, medroso e sensível, construiu uma torre de marfim para nela se abrigar, defendendo-se dos males da vida. O primeiro, no início dos anos 80 a pinga curraleira levou para os quintos; o segundo, mui digno profissional liberal, já aos 90 anos, balançando na sua rede de varanda no Bairro São José vive contando as suas notáveis façanhas na Segunda Grande Guerra Mundial. O ex-combatente com pinta de artista, já saudoso, nos anos 70 era freqüentador do meu restaurante na Praça da Catedral. Quando chegava, a galera que bebia, fazia uma rodinha em volta, para sugar sua verve. Ele abria a caixa de ferramentas e tome bala, tome baionetada em traseiro de comedor de chucrute!... Caía dentro da bocada das trincheiras e matava adoidado os Hans e os Fritz do Führer! Como já havia adquirido habilidade na arte da narrativa, imitava teatralmente o som do matraquear das metralhadoras, o pipoco dos obuses e o ricochete das balas. Os aficionados faziam perguntas pertinentes para potencializar a ação. Dava gosto vê-lo narrando. Um dia chegou um chato de galocha, invejoso com o sucesso do narrador e o ameaçou de processo por se apresentar, falsamente, como um heróico ex-combatente. Sumiu do mapa. O outro, “from Pedra Azul”, ainda vivo e ainda zangado, relatava que, como ardoroso combatente, mudava rumos de batalhas. No curso da guerra, foi incorporado a um submarino da Marinha, como operador de periscópio e, posteriormente, artilheiro de torpedos. Os seus disparos foram tão certeiros que fez um enorme estrago na armada de Hitler. Segundo ele, a Gestapo, a terrível polícia alemã, seletivamente negociou através da Cruz Vermelha a libertação de duzentos prisioneiros aliados em troca dele, o porreta artilheiro montes-clarense, para que, simplesmente fosse mandado de volta à terra do pequi! Complementada a negociação, equilibrou-se a ação da Marinha do Eixo e a dos Aliados no palco das operações marítimas, e só assim a guerra no mar ficou pau a pau... Ele ainda está por aqui, tranquilamente lubrificando o seu fuzil de estimação, afiando a baioneta matadeira de alemão, contando os buracos de bala no seu capacete de aço e mostrando a lista de baixas produzidas graças a sua incrível pontaria, além dos nomes dos navios abatidos pelos torpedos por ele lançados. Por conta da sua competência incomum, sempre acerta na mosca e, até hoje, estando no quintal da sua casa, para manter a forma, vez por outra abate um gavião que ousa fazer um rasante nos céus...

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