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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: De quem é a culpa? Ruth Tupinambá Graça Atualmente moro no Edifício Vila Rica, na Av. Mestra Fininha, 536, ao lado da Santa Casa de Caridade. Da janela do meu quarto, no 6º andar, numa vista maravilhosa, eu vejo toda nossa cidade, de canto a canto. Às vezes, fico horas contemplando e chego a agradecer a Deus por conceder-me, aos 94 anos, a lucidez e a visão. Sinto uma alegria tão grande e fico vislumbrando, ao longe, as serras de um verde tão bonito, contornando toda a nossa cidade, desenhando, em traços sinuosos, as mais belas curvas num contraste com um céu tão lindo e diferente que (modéstia a parte) só a nossa Montes Claros possui. O morro dos “Dois Irmãos” realçam, naquela paisagem, como dois guardiões que espreitam e protegem a nossa cidade. Eu ficou orgulhosa e feliz em perceber tanta beleza, tanta magnitude deste nosso sertão. Como a nossa cidade cresceu! Avenidas presunçosas rasgaram as pequeninas ruas. Edifícios subiram modificando totalmente a arquitetura antiga da nossa cidade. Bairros se formaram por todas as partes. Eu que acompanhei de perto quando ela apenas “engatinhava” e crescemos juntas posso avaliar o seu enorme desenvolvimento, graças aos seus filhos que sempre lutaram pelo seu crescimento e sucesso, enfrentando todas as dificuldades: falta de verbas, comunicação e transporte, numa cidade como era a nossa, esquecida pelos nossos governantes, esta “gema” maravilhosa plantada em pleno sertão das Gerais. Mas, com toda esta beleza e desenvolvimento, existe em nossa cidade um problema sufocante que aflige grande parte da sua população. Olhando bem esta paisagem eu fico a pensar: durante o dia é tudo tão lindo e gratificante. Todos trabalhando, juventude alegre, estudantes freqüentando as várias faculdades que aqui já existem, cada qual preocupado com suas obrigações, saúde e sobrevivência. Mas, quando chega a noite, que tristeza! Desta mesma janela do meu quarto, ao invés de uma paisagem maravilhosa, deparo-me com a Avenida Deputado Esteves Rodrigues campeã de lanchonetes, bares, restaurantes e boates, onde fica o “Triângulo da Impunidade”. E, à meia-noite, o pior acontece. Eu não consigo dormir, nem tão pouco os vizinhos desta Avenida. O barulho vem direto para minha janela. Uma música infernal que fere meus ouvidos e o retumbar dos tambores e caixas de som quase me estouram os miolos, e este barulho prossegue até a madrugada. Que saudades daquela cidade pacata e silenciosa, onde se podia dormir tranquilamente a noite inteira, escutando apenas o cantar dos galos que, de vez em quando, cortava aquele silêncio. Acordem montesclarenses. Onde estão os governantes desta “Princesa do Sertão”? Por que a “Lei do silêncio” não funciona nesta terra, com tantos deputados e vereadores? E a polícia não percebe o absurdo que atormenta as pessoas que moram perto do “triângulo da impunidade”? Quando o barulho ensurdece e chega ao auge, moradores aqui do prédio telefonam, dão queixas, mas nada acontece, e o barulho continua. Não pensam no repouso dos doentes da Santa Casa em frente esta Avenida? Eles sofrem, não conseguem dormir, passam a noite assustados, chegando ao desespero e crises nervosas, prejudicando o tratamento. Os responsáveis pela tranqüilidade da nossa cidade não tomam uma providência enérgica, por quê? Parece que existe algum interesse em proteger este bando de irresponsáveis. A comunidade se omite, a administração pública fecha os olhos. Onde a andam a “Patrulha do Silêncio” e a Secretaria de Meio Ambiente? Tem que haver uma solução urgente. Acordem montesclarenses! Façam como as “Formiguinhas” (símbolo da nossa terra), ajuntem-se e trabalhem. Gritem, esperneiem, “mordam” se for preciso, mas façam os responsáveis tomarem providências com estes “shows infernais” quebrando o silêncio da noite, infernizando a vida de pessoas de bem, que trabalham e precisam de descanso, e dos sofredores doentes da Santa Casa, que precisam de repouso e tranqüilidade para sobreviver. (N. da Redação: Ruth Tupinambá Graça, de 94 anos, é atualmente a mais importante memorialista de M. Claros. Nasceu aqui, viveu aqui, e conta as histórias da cidade com uma leveza que a distingue de todos, ao mesmo tempo em que é reconhecida pelo rigor e pela qualidade da sua memória. Mantém-se extraordinariamente ativa, viajando por toda parte, cuidando de filhos, netos e bisnetos, sem descuidar dos escritos que invariavelmente contemplam a sua cidade de criança, um burgo de não mais que 3 mil habitantes, no início do século passado. É merecidamente reverenciada por muitos como a Cora Coralina de Montes Claros, pelo alto, limpo e espontâneo lirismo de suas narrativas).

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