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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A chuva mansa no telhado JOSÉ PRATES Chove mansamente, em Montes Claros, diz Hélcio em sua mensagem. Man sa mente... Ao ouvir isto, um tempo passado ressurge em nossa mente e sentimos a chuva caindo devagarzinho, aquela chuvinha fina, mansa, batendo no telhado, fazendo aquele barulhinho gostoso, trazendo o sono tranqüilo ao corpo em repouso no colchão de penas e a cabeça no travesseiro com aroma de marcela. Infelizmente, hoje, na cidade a que tanto amamos, a chuva não cai no telhado, mas, no cimento duro da laje, sem o barulho suave e gostoso que chegava ao quarto sem forro. Tudo mudou. Inclusive nós mesmos. As casas baixas caiadas de branco, como cidade de presépio, com mulheres nas janelas, em conversa animada com a vizinha, não existem mais. Deram lugar aos arranha-céus que estão por todos os lados, impedindo até a visão do céu. A cidade cresceu, as ruas, então, vazias de povo, hoje borbulham de gente num vai e vem constante onde ninguém conhece ninguém; ninguém saúda ninguém ao cruzarem-se na rua. A pressa matou a cortesia; a modernidade destruiu o romantismo e a violência chegou. Chegou com força, fazendo vítimas A cidade pequena, tímida como a donzela recatada, cresceu tornou-se mulher e foi cobiçada e possuida. Tudo mudou. A inocência como, também, a simplicidade morreram na avalanche dos negócios que fizeram o sertanejo emancipar-se no percurso do progresso comercial. Modificações foram inseridas no comportamento do habitante, até então inocente e sem malícias. Outros costumes vieram, outros habitantes chegaram trazidos pelo cheiro forte dos negócios legítimos ou escusos o que é natural, comum, no mundo inteiro onde a entrada é franca e nenhum trás na testa a indicação do que veio fazer. O que vemos hoje, em qualquer desses lugares que cresceram à força do comércio, é que existe num numeroso grupo de moradores, o propósito do ganho fácil, mesmo em prejuízo de outrem, distante da solidariedade e do amor ao próximo. É o grupo dos que foram colocados à margem da sociedade, permitindo que o preconceito de inferioridade fosse neles condicionado. Ao invez de corrigi-los, educá-los e trazê-los para o convívio social, eliminando o condicionamento do preconceito, a sociedade deixou que buscassem a sobrevivência com seus próprios recursos. Ai, então, nascida do recalque, surgiu a violência urbana. Devemos entender que a violência, antes de se tornar uma questão social é uma questão que faz parte do individuo e nele está adormecida até que alguma razão de ordem emocional, mental, psicológica e até espiritual a desperte. A atitude da sociedade na discriminação e abandono do desprotegido favelado provocou o grito de revolta que acordou o sentimento de vingança em forma de violencia. Ao estado cabe, em principio, a responsabilidade de assistência a esses menores nascidos nas ruas e que perambulam em busca de alimento. Entretanto, essa assistência não existe e criados ao leu, desajustam-se e o incorreto torna-se correto em sua vida. À sociedade cabe suprir o Estado, chamando a si a responsabilidade de correção dessa criançada, não permitindo o desajuste que lhe faz nascer o ódio que gera o sentimento de vingança, criando-lhe a índole da violência que vem, quase sempre, como revide à agressão. A discriminação, a fome, a falta de condições de suprir-se honestamente de alimento são recebidos como agressão e a reação natural é o revide ao agressor. Tudo isto está ai, escancarado para qualquer um ver e analisar. Por isso, facilmente chega-se à conclusão de que a violência na família, nas escolas ou nas ruas, antes de se poder interpretar como uma espécie de colocação do indivíduo face aos problemas da sobrevivência e da luta pela dignidade humana, e à sensação de se ser alvo de injustiça, é acima de tudo uma manifestação da pessoa desajustada, tanto do ponto de vista psicológico como espiritual. A violência urbana não é, apenas, um caso de polícia, mas, uma questão social. Ela vem do desajustamento social do individuo. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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