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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Recordações de Urandi José Prates Uma sobrinha que tenho em Salvador, onde trabalha num hospital, a Gisele, filha do irmão Arthur, de vez em quando me manda um e-mail dando notícias dos pais que moram em Urandi, no sertão baiano, quase divisa com Minas Gerais – é um irmão que não vejo há anos. No e-mail,quase sempre ela fala sobre a cidade que pouco cresceu, mantendo então o jeito sertanejo, aquela maneira tranqüila de ver as coisas, sem pressa de chegar lá. Eu me lembro de Urandi do meu tempo de adolescencia, jogando sinuca no bar de seu Augusto que, depois, virou Café Galo e criou fama em Montes Claros, pra onde se mudou. Naquela Urandi de pouca gente onde todos se conheciam por nome ou apelido, a meninada brincava despreocupada nas “peladas” do “largo” da feira, ou, então, no banho coletivo no poço do Teotônio, todos nus , gozando a natureza exuberante que lhes assistia sorridente, sem medo de agressão. O tempo passa, a idade chega trazendo a velhice que faz desaparecer o sorriso da inocência, substituído pelo gosto amargo das agruras de uma vida agitada no dia-a-dia do trabalho que nos garanta sobreviver dignamente. A recordação do passado é um lenitivo. Vivê-lo, sentindo as mesmas alegrias, alivia as dores, ameniza as preocupações. Neste retorno ao passado, neste devolver do tempo, a emoção nos invade fazendo brotar uma lágrima que escorre pela face macilenta. Essa lágrima significa a saudade de uma vida sem preocupações que chamamos de mocidade, quando o futuro não preocupa; mocidade banhada pelo encanto do primeiro amor que nos faz sonhar com um amanhã de felicidades, sem tormentos para construí-lo. Cada momento, cada episódio do passado que nos vem à mente como recordação, nos apresenta um pedaço da vida e o vivemos com saudades. O jogo de bilhar no bar de “seu” Augusto; sentado ao pé do rádio, na casa do dr. Digo, ouvindo a Hora da Fazenda ou as gaiatisses de Silvino Neto em a Pensão da Pipinela. O simples nome Urandi escrito no e-mail que a sobrinha enviou, traz tudo isso à lembrança e passamos a vivê-lo. O barco da vida sulca as profundas águas do imenso mar da vida, atravessa o espesso nevoeiro do passado distante e entra conduzido pelas recordações num mar sereno onde a vida nos sorria: os acontecimentos na juventude. Vêm à tona, então, todos os acontecimentos que nos deram alegrias e nos fizeram viver: o primeiro amor que nos realiza os sonhos de aventura: as ceias festivas do Natal; os banhos no poço... Ao lembrar de tudo isto, uma lágrima pode rolar pela face. Rola porque a flor das ilusões desflorou-se e cada pétala foi levada pelo vento da idade; rola porque nossa alma sente e se expressa com a saudade. Recordar é viver, não as tristezxas, mas as alegrias do passado. Um dia, não sei quando, voltarei a Urandi. Ficarei na praça, contemplando casa por casa, procurando lembrar-me de quem morava ali. Entrarei na Igreja e, em oração, agradecerei ao Senhor por ter=me concedido o prazer de estar ali. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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