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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Um achado, valioso Hoje, por acaso, reorganizando os livros que me vieram do meu pai, Brasiliano Braz, deparei-me com um, já sem capa, mas com o conteúdo perfeito, de autoria do saudoso Olyntho Silveira e de Yvonne Silveira: “Brejo das Almas”, edição de 1962. Preciosidade em meu poder, cuja existência em meus guardados desconhecia. Vou mandar encadernar. Conversando com Yvonne Silveira, informou-me ela que meu pai tinha sido amigo de Olyntho e dela, e trocavam correspondências, artigos e livros, mas ao tempo dessa amizade não me relacionei com eles. Não os conhecia. Relacionei-me com eles muito depois. Talvez por conviver entre analfabetos presunçosos, entre pessoas que só valorizavam os bens materiais, meu pai não dava conhecimento público de suas relações culturais. Ele as mantinha no silêncio de sua individualidade. Sobre ele disse Cândido Canela: “As gerações futuras saberão admirar a obra e reverenciar daqui a cem anos, ou mais, a memória de Brasiliano Braz”. No Antelóquio do livro, como Olyntho Silveira designou o Prefácio, ele esclarece ser “o segundo livro que traz o nome de Brejo das Almas. O primeiro, de autoriza do maior poeta do Brasil contemporâneo – Carlos Drummond de Andrade – de versos modernos, cuja filosofia, no estro inconfundível do vate itabirano, não é de fácil interpretação. O segundo é este que o leitor tem em suas mãos, infinitamente longe do conteúdo do primeiro, nem só no seu estilo como na deficiência de substância e no brilho das imagens.” Mas o livro de Olyntho e Yvonne Silveira não é um livro de poesias, nem mesmo de história. É um livro de crônicas que fixa histórias. Olyntho Silveira descreve no Antelóquio fatos importantes vinculados à história de Cruz das Almas das Catingas do Rio Verde, Brejo das Almas das Catingas do Rio Verde, São Gonçalo do Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, e nos traz à lembrança o intrépido Antônio Gonçalves Figueira, que foi também o fundador de Montes Claros. Ele rebusca fatos a partir de 1760 e descreve vivências históricas. Esses conhecimentos de natureza histórica teriam aprofundado o relacionamento entre Olyntho Silveira e Brasiliano Braz. O livro “Brejo das Almas” é dividido em duas partes distintas. A primeira da lavra de Yvonne Silveira e a segunda de Olyntho Silveira. Yvonne, na primeira crônica, descreve a viagem de sua família, pela estrada poeirenta e estreita, de mudança de Montes Claros para o Brejo das Almas em 1929, a vila que “tinha muitos defuntos”. O livro nos leva a um refluxo para o passado. É salutar ler e, lendo, relembrar tempos idos e vividos. Tempos de um passado não muito remoto, mas que já tem um nome: saudade. A vida das moças e dos rapazes em Brejo das Almas daqueles tempos não era diferente da vida em São Francisco. As duas cidades não possuíam luz elétrica, nem cinema, mas havia bailes, de quando em quando e as moças cantavam modinhas. Naqueles tempos os “beijos” dados ou vendidos não faziam “nascer meninos”. Recorda Yvonne Silveira os tempos da emancipação do município com a mudança do nome para Francisco Sá. Difícil de ser absorvido pela população e, por muito tempo, dizia-se: moro no Brejo, vim do Brejo, vou para o Brejo. Até hoje alguns francisco-saenses ainda falam, com orgulho: “sou do Brejo”. Olyntho Silveira descreve tipos populares do Brejo de então. Lembra do perverso Luiz Gomes, fala do coronel João Crisóstomo Dias Correia, de Zeca Guida, do velho Lolô do Mangal, de João Caixeiro e de outros. Bons tempos. Em “Cobras Venenosas” Olyntho Silveira nos mostra os dois “Brasis”, com o mesmo contraste cultural muito bem definido por Euclides da Cunha em “Os Sertões”. A descrição científica de uma cobra venenosa não protege o rurícola analfabeto contra o seu veneno. Ele “dispensa o zelo científica pela sua vida”, mas tem o direito de exigir que exista nas farmácias o indispensável soro protetor para salvá-lo das picadas de cobras. Olyntho Silveira também foi poeta e inseriu no livro algumas de suas belas poesias.

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