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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A faixa da Rua do Ouro Roberto Elísio - Jornal Hoje em Dia De repente, como fosse pacata ruazinha de uma pequena cidade do interior, a movimentada Rua do Ouro amanheceu com decoração nova, impregnada do mais puro lirismo de tempos passados: uma enorme faixa, atravessada de uma extremidade a outra da efervescente via de acesso ao denso Bairro da Serra, comunicava a apenas três letras - MDW - toda a extensão de um sofrimento de amor: ´Tentei te esquecer. Não consegui´. À primeira análise, a manifestação com gosto das coisas de antigamente chega a surpreender, mas logo depois se cai na realidade: surpresa nenhuma, apenas uma maneira mais simples de tornar público um sentimento abafado: ´Tentei te esquecer. Não consegui´. Não se sabe se o desditoso (para usar também uma expressão antiga) personagem do amor interrompido chegou a recorrer a tecnologias de comunicação mais modernas, todas elas colocadas ao alcance do ser humano após a invenção do computador, da internet e das novidades digitais que se seguirem. Se o fez foi em segredo e, pelo que se conclui, sem qualquer sucesso. Daí o recurso à velha faixa de pano estendida na Rua do Ouro, para cujo êxito estamos todos torcendo. Meu amigo Genaro, um incorrigível romântico abençoado pelas noites enluaradas de Curvelo, sustenta que o sentimento é irmão gêmeo da natureza de que nos adverte Lavoisier. Nele nada se perde e tudo se transforma, mesmo ficando anos e mais anos arquivado a um canto da memória. É como se fosse o fogão de lenha nas cozinhas antigas. Você levanta de manhã, acha que está tudo apagado. Basta, no entanto, abrir a janela, por mais discretamente que seja. Se o vento soprar a favor, acende tudo de novo. As brasas voltam a queimar, como se simbolizasse o renascer de sentimentos só aparentemente adormecidos. As duas pequenas frases de faixa da Rua do Ouro - ´Tentei te esquecer. Não consegui´ - se aparecessem num local ais inspirador, como no beco de uma favela carioca ou num botequim da Lagoinha, talvez terminassem em samba. Na Santa Luzia, minha e de José Bento Teixeira de Salles, na Diamantina de Fausto Matta Machado e na Montes Claros de Paulo Narciso, inspirariam, no mínimo, uma seresta. A canção escolhida, a se levar em conta o lamento da faixa, poderia perfeitamente ser um antigo sucesso de Sílvio Caldas: ´Sorri da minha dor, mas eu te quero ainda´. Na turbulenta Rua do Ouro, a faixa contém um apelo em forma de poesia, a que MDW não pode manter-se indiferente. Afinal, se a tentativa de esquecimento foi inútil, é porque existe muita coisa para ser lembrada. É só deixar o vento que anima o fogão de lenha fazer a parte dele.

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