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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: ‘PENETRAS’ CONTUMAZES Alberto Sena Naquele tempo havia certa indisposição entre as turmas dos ‘Morrinhos’ e a do centro da cidade. Em verdade, essa indisposição era mais da parte da turma de lá do que propriamente da turma do centro da cidade. Os integrantes da turma dos ‘Morrinhos’ até podiam descer, mas os da turma do centro não deviam subir. Se porventura encontrassem certos caras da outra turma estavam perdidos. Era briga na certa. Naquele tempo, ser ‘penetra’ em festas era comum. Detalhe: a turma do centro chegava e logo dominava a situação. A moçada bonita ficava de olho. Era gostoso dançar juntinho. Tinha calor humano e outras coisas mais, diferentemente da maneira de dançar de hoje em dia. Marlúcio, o ‘Brasa Mora’, era o nosso ‘assessor para assuntos aleatórios e sociais’. Apurava onde haveria festa para a turma ‘penetrar’. Ele só não ganhava de Lazinho Pimenta, imbatível. ‘Brasa’ tinha uma rede de informantes invejável. E olhe que naquela época nem se cogitava de internet. Uma vez o repertório de festas de ‘Brasa Mora’ havia se esgotado. Estávamos fadados a ficar papeando na esquina ou ir para casa dormir. Até que deu um estalo na cabeça e ele gritou: __ Lembrei! Vai ter festa de aniversário nos ‘Morrinhos’. __ Nos ‘Morrinhos’ não dá pra ir – dissemos quase em uníssono. Ao que ‘Brasa’ argumentou: __ Não é beeemmm nos ‘Morrinhos’. É depois da linha, indo pela Rua Melo Viana, virar na primeira rua à esquerda. Depois de uma rápida confabulação quanto aos prós e contras, resolvemos ir a tal festa. Não me lembro mais de todos, mas se não me engano estavam: ‘Brasa’, Osmar, Fernando Veloso, Cícero Stru, entre outros. Nós chegamos à festa, ressabiados. Adentramos a sala e vimos vários jovens casais dançando, e logo começamos a ficar mais à vontade. As garotas bonitas ficaram ainda mais bonitas com a nossa chegada. Observamos, no entanto: uns e outros não gostaram, inda mais sabendo que éramos ‘penetras’. Tudo ia bem até que um dos circunstantes, este da turma dos ‘Morrinhos’, se aproximou de mim e disse: __ Quero conversar com você lá fora. A abordagem dele chamou a atenção dos companheiros. Fiquei naquela situação. Se me recusar a ir demonstro covardia. Se eu saio, posso imaginar o que pode acontecer. Não havia escapatória. Saí lado a lado com o cara. Antes, porém, sinalizei aos companheiros e me encaminhei para fora da casa. Mal havia saído do portão, o cara sacou uma faca da cintura e sem dizer palavra veio para cima de mim. Ele desferiu o primeiro golpe. Tentou acertar-me a barriga, mas fui mais ligeiro, recuei. Claro, a essa altura, os companheiros já estavam também do lado de fora. E a turma do ‘deixa disso’ entrou em ação. Só que ninguém se atrevia tomar a faca do cara, que, bufando, fungando como touro de tourada espanhola exibia para mim a faca cuja lâmina brilhava na noite sob a luz do poste. E outra vez, o cara partiu para cima de mim. Queria porque queria rasgar-me a barriga. Novamente recuei a tempo. E nesse momento os companheiros o agarraram por trás. Tomaram-lhe a faca. Ao mesmo tempo, os donos da festa chegaram e como ele era conhecido deles, foi advertido e levado para dentro. Nós, ‘penetras’ contumazes, não tivemos outra opção senão botar o rabinho entre as pernas e ir embora dali o mais rápido possível a fim de evitar coisa pior. Ficou comprovada, outra vez, a indisposição da turma dos ‘Morrinhos’ em relação à turma do centro. Foi ‘Gerinha do Morro’, camarada boa praça, bom de capoeira, que, aos poucos, acabou com essa indisposição. E então reinou a paz. Mas foi por pouco tempo. Logo circularia a notícia de que numa certa noite aconteceria outro embate entre a turma de ‘Gerinha Português’ e ‘Gerinha do Morro’. Hoje, acredito, a indisposição antiga desapareceu. Ou melhor: transformou-se em mote de um ‘causo’ pra contar aos conterrâneos.

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