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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A Turma do Gibi Nos bons anos 60 e 70, o bar do Haroldo, fincado na esquina das ruas Corrêa Machado e Melo Viana era o “point” da rapaziada. Muita cachaça curraleira, cerveja casco verde e os famosos PFs e tira gostos de galinha caipira. Além do caprichado tempero, o “molho” e as mandingas do mestre cuca, sempre atraíram muitos clientes. Lá no bar, a galera pulava e se assanhava como uma farândola de diabretes, quando havia jogo de futebol entre Cruzeiro e Atlético. As turmas de torcedores rivais se peiteavam, mostrando faixas e cartazes com “slogans” alusivos à contenda, cantando refrões provocativos. Era o maior auê! Dentre os personagens mais animados, se destacava o Tipuka. Tipo exótico, conversa arrastada, mãos tortas, corpo torto, parecendo cavalo de umbanda incorporado na ´Escora´. A bem da verdade, era cobra criada, um servente de pedreiro da turma do mestre de obras Roberto Pimenta, o maior 171 do pedaço. Esse criou fama como o mais esperto de Moc City. Dava uma de menino de creche para poder sobreviver. Bem próximo dali e no passeio em frente ao Cine Ypiranga, trabalhava uma grande turma de engraxates com suas caixas características. Dentre muitos, Geraldo dos Beiços, Nego Tó, Luiz Pinguelo, João Finin, Artur Cegão, Carlai, e o memorável Nau Faquir, morto tragicamente no mundo do crime. Como ferramentas de trabalho, pastas Nugett, escovas, flanelas e a tinta Fenomenal, usada para mudar a cor dos sapatos. Por qualquer alegria ou fraco motivo baixava o santo na galera. Aí todos enchiam a cara, engrossando a turma dos torcedores do Atlético, no Bar Destak da carnavalesca Dona Linda e dos cruzeirenses, no Bar do Haroldo. A galera daqui sempre foi muito criativa, unida, e como a alfabetização não chegou para todos os moradores da comunidade, apesar do progresso da nossa urbe, nasceu entre os freqüentadores dos bares e do cinema, uma escola sui gêneris. A “alfabetização” era feita através do manuseio de revistas em quadrinhos e pela leitura dos que eram alfabetizados, com a memorização das falas dos personagens, textos e imagens pelos demais, surgindo, então, entre os aficionados por revistas em quadrinhos, a Turma do Gibi. Clubes idênticos funcionavam também à porta dos cines Fátima, Lafetá e Coronel Ribeiro. Como a didática ministrada à porta do cinema se dava com os participantes em pé na calçada, desenvolveu-se somente a leitura e não a escrita. Nessa galera, figuravam alfaiates, aprendizes, serventes de pedreiro, operários, mestres de obra e serviço, artesões. Nessa fase a bela professora Estelita Cardoso moradora da rua Melo Viana, matriculou uma boa parte da galera na distante Escola Vila Telma. Funcionava numa tapera com paredes de adobe, coberta de folhas de coqueiro a luz de gás e o sacrifício era irem a pé à noite com quase uma hora de percurso. Conseguiu alfabetizar centenas de jovens do Bairro Morrinhos e adjacências. A diretora do educandário coberto de palha era Maria da Glória Xavier. Todo sacrifício em prol da educação dos jovens! Dentre muitos, Pacuí, Pipiu, Lika Alfaiate, Cláudio, Aroldin, Lianão, Marquinho Kiko, Zé Maria, Eustáquio Perneta, Padeça, Hildebrando de Zefira, Zeca de Dona Linda, carregando o botijão na bicicleta cargueira. Lá estavam, além de muitos outros não citados, traídos pela memória e a nossa lembrança.

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