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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Atrapalhando a novela Waldyr Senna Batista Os dois principais candidatos à Presidência da República estiveram em Montes Claros, e a cidade praticamente não tomou conhecimento da presença deles. Vieram, concederam entrevistas, passearam pelo centro, cumpriram o ritual do cafezinho no Café Galo, assistidos pelos “habitués” do local, pegaram o avião e se foram. As visitas não acrescentaram nada aos índices de intenção de votos de nenhum dos dois e pode ser até que tenham tirado eleitores devido à distância que guardaram do público. Principalmente Dilma Roussef, blindada por exagerado esquema de segurança. Constava que ela viria para reunir-se com os prefeitos da região, mas, ao que parece, esqueceram-se de convidá-los, porque, dos 84 existentes, compareceram menos de meia dúzia. Ou então a candidata, que é o “poste” de Lula, carece de apoio na região. Ela aproveitou para receber título de cidadania fingindo acreditar que isso tem algum valor. E José Serra, mais desenvolto, por ter mais quilômetros rodados, ter disputado eleições, ganhando e perdendo, não deveria ter passado tão despercebido quanto sua adversária. Os dois vieram para contatos com formadores de opinião, figura abstrata cuja influência não pode ser mensurada. A forma de fazer campanha eleitoral mudou totalmente nas últimas décadas, em razão dos meios de comunicação, que põem os candidatos dentro das casas dos eleitores, todas as noites, através dos noticiosos da televisão exibidos em meio a novelas. Eles não precisam mais de promover, nas cidades-polo, os caríssimos “comícios-monstro”, que serviam para mostrar força. E as cidades também cresceram muito, tornando-se inviável a mobilização de multidões, inclusive por questões de falta de segurança. E também devido à praticidade, pois um comício à moda antiga roubaria do candidato tempo que ele aproveita realizando inúmeras visitas-relâmpago como as que se viu aqui. No pós-ditadura Vargas, Juscelino Kubitscheck veio a Montes Claros e encheu de gente a praça dr. Carlos, onde prometeu corrigir o traçado dos trilhos da Central do Brasil para reduzir a distância com Belo Horizonte, promessa que jamais pensou em concretizar e nem lhe foi cobrada. Quatro anos depois, veio Jânio Quadros, cuja figura exótica despertava curiosidade em todo o País. Em comício na mesma praça, na manhã de um sábado de feira no velho mercado, ele começou afirmando que “o diabo não é tão feio quanto dizem”, referindo-se a ele próprio, com o sotaque característico”. Era pior, como se veria ao longo dos sete meses de seu governo. Depois da ditadura militar, dois grandes comícios aconteceram na avenida Flamarion Wanderley. Um, de Fernando Collor, que bateu todos os recordes de público, para quem ele repetiu o discurso dos “marajás” de que se esqueceria ao exercer a Presidência. Dias depois veio Ulysses Guimarães, que discursou debaixo de vaias, o que foi no mínimo injusto para com o homem que combateu a ditadura de peito aberto e que viria apenas a ser o quinto colocado naquela eleição. José Serra e Dilma Roussef não fazem comício. Aliás, na atualidade, nem mesmo candidatos a prefeito se dão esse trabalho. Os políticos caíram na real: comício não conquista eleitor, a eles comparecem os adeptos já conquistados dos candidatos. O que conquista eleitor agora é o chamado “comício eletrônico”, pelo rádio e pela televisão. Nele, os candidatos têm como plateia o país inteiro, sem a trabalheira do sistema anterior. E se mostram, também, de maneira mais autêntica, em que pesem os recursos aplicados pelos maquiadores de estúdios e os truques produzidos pelos marqueteiros. Inserções durante a programação normal, horário eleitoral gratuito e debates influenciam muito mais. José Serra, Dilma Roussef e Marina Silva estão percorrendo o país para gastar tempo, porque a campanha propriamente dita começará em 17 de agosto. A partir de então vai ocorrer a superexposição deles na televisão e no rádio, com base no que o eleitor poderá julgar melhor aquele que merece receber seu voto. Visitas como as que houve em Montes Claros servem para “encher linguiça´. Podem até produzir alguma promessa ou até mensagem aproveitável, mas, campanha mesmo, só em agosto, atrapalhando a novela e testando a paciência do eleitor. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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