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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Sonho e pesadelo Waldyr Senna Batista Encomendar ao urbanista Jaime Lerner projeto para o trânsito em Montes Claros, foi a melhor decisão até agora adotada pelo prefeito Luiz Tadeu Leite. Mas, paradoxalmente, o resultado não atendeu o objetivo, porque o urbanista foi muito além de um simples projeto para o trânsito. Produziu excelente proposta de revitalização do centro da cidade, de longo prazo, cuja execução depende de improváveis recursos federais e estaduais. A solução para o trânsito virá por consequência. O projeto prevê a expansão do centro, de forma que, segundo explicou o urbanista, sua energia se expandirá em todas as direções, até abranger toda a cidade. A proposta é de intervenções pouco traumáticas, que ele denominou de “acupuntura urbana”, um processo que seria barato e eficaz, em vez da cirurgia radical. Ele antevê veículos cedendo lugar a calçadas amplas, com arborização, paisagismo e “mobiliário urbano exclusivo”, que inclui até ciclovia, a fim de criar identidade própria para Montes Claros. Prevê também a despoluição visual e sonora e a criação de corredores para uso exclusivo de veículos de transporte coletivo. Dois aneis dinamizarão a circulação de carros para a interligação de várias partes da cidade. Tudo planejado para que o trânsito flua com rapidez. Não foi explicado como conseguir tudo isso, sem grandes desapropriações, em cidade de ruas estreitas. Parques e áreas verdes serão revitalizados e novas opções serão criadas, aproveitando a infraestrutura existente. Está prevista a utilização do galpão da estação ferroviária (que não pertence ao município) em espaço cultural para a apresentação de concertos. O mercado da rua Melo Viana (estrangulada por um viaduto) será transformado em memorial para homenagear Darci Ribeiro (cujo nome já figura em quatro outros locais: ginásio coberto da Praça de Esportes, anexo da Escola Normal, usina de biodísel da Petrobrás e campus da Unimontes ). Esses e outros detalhes entusiasmaram o redator do texto distribuído à imprensa pela Prefeitura. Segundo ele, o projeto emocionou as pessoas presentes, “que sonharam de olhos abertos com uma nova Montes Claros possível e desejável”. O prefeito Luiz Tadeu Leite, comedido, ressaltou a importância de a cidade receber projeto assinado por Jaime Lerner, celebridade internacional, e elogiou a estruturação urbana proposta, lembrando o fato de ela não apresentar ideias mirabolantes. E, realista, acrescentou: “Este plano é um compêndio para futuras administrações, que certamente será adotado por futuras gerações”. O texto oficial também destaca que se trata de trabalho para várias administrações, “porque Montes Claros tem tudo por fazer” (o que não é propriamente verdadeiro: aqui, quase tudo o que se fez foi mal feito e quase sempre errado, o que dificulta fazer de novo, pois é preciso desmanchar o que se fez). E até que se tentou corrigir esses erros. No final dos anos 50, o prefeito Simeão Ribeiro Pires assumiu a Prefeitura com plano de alargar todas as ruas. A proposta foi torpedeada, tendo se resumido no alargamento de pequena extensão da rua Cel. Joaquim Costa, onde, 60 anos depois, ainda existe um quarteirão intacto, atravancando o trânsito. Vinte anos depois, o prefeito Antônio Lafetá Rebello despedia-se da Prefeitura apresentando plano diretor que previa duas largas avenidas que se cruzariam na praça doutor Carlos. Era uma cirurgia radical e de custo proibitivo, por isso inviável. E agora surge essa proposta, irretocável, mas cuja concretização dependerá de várias administrações, quando se sabe que, em Montes Claros, raramente uma administração deu sequência a obras idealizadas pelas anteriores. Ao que consta, o urbanista foi procurado, inicialmente, para formular solução para trânsito. Como a tarefa pareceu diminuta em relação à importância dele, a encomenda se ampliou, resultando nesse plano que abrange toda a cidade. Quanto ao trânsito, o pesadelo vai continuar se agravando, com as ruas entupidas de carros, com velocidade média de 20 km em pontos críticos, como o chamado hipercentro. E vai parar em definitivo, se alguma coisa não for feita a curtíssimo prazo. Nesse ponto não dá para esperar a concretização do sonho de Jaime Lerner. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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