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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A valia da propaganda Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ No dia 3 de maio, publiquei comentário sobre ´O desafio da água´. Pessoas se manifestaram a respeito, o que mais uma vez me adverte sobre a responsabilidade de quem escreve. Porque, em verdade, ao divulgar algum escrito, nos estamos submetendo a julgamento público. Eis que, no mesmo dia, uma atenciosa leitora me enviava e-mail, dizendo: ´Você tem toda razão em tudo que disse, somente enganou o nome do medicamento tiro-e-queda´, para questões de mênstruos, em excesso ou em escassez. Lembrei que se tratava da ´Saúde da Mulher´, muito popular em determinada época. Dalma Esquivini me faz o necessário reparo. Não era a ´Saúde da Mulher´, anunciado pelas rádios, mas o ´Regulador Xavier´, que vinha no jingle acompanhado de musiquinha: número 1, dois, excesso e escassez´. Bons tempos aquele, e não se repetem. Então, a publicidade era sobremodo restrita. Fazia-se através dos jornais e pelas rádios, porque não existia televisão. O que se chama ´outdoor´ era pouco ou nada utilizado. No interior, a propaganda era através das folhinhas, que os homens do campo disputavam, a fim de as afixarem nas paredes de suas modestas casas, construídas com adobe ou de pau-a-pique. Disputadíssimos eram também os almanaques, patrocinados pelos grandes laboratórios. Continham orientações gerais de conduta sobre higiene, registros sobre mudanças de tempo, porque a gente da roça lá pelos anos 40 do século passado não tinham acesso a rádio, que alcançava apenas os cidadãos das cidades. Com os enormes aparelhos instalados na sala, abria-se uma nova era no campo da comunicação, de que souberam aproveitar-se também os governos e os políticos. Nas capitais, foi o tempo fantástico dos bondes, de que falaram os grandes autores, em prosa e verso. Mas também a publicidade se valeu do grato ensejo desde os tempos dos bondes puxados a burros. O jornalista Jader de Oliveira, mineiro, representante da Globo em Londres, lembra aquela época, no seu recentemente lançado livro ´No tempo mais que perfeito´, um relicário de preciosidades de dias que foram seus, meus, e de milhões de brasileiros, mortos ou sobreviventes. Ele fala de Belo Horizonte. ´Nos anos 50, as linhas eram percorridas por 40 bondes: cinco fechados, que vieram à época da guerra; os outros, de tamanhos diferentes - o maior se apoiava em dois truques. Os bondes fechados, confortáveis no inverno, abafados no verão, tinham assentos de palhinha. Nos bondes abertos, os assentos, para cinco passageiros, eram de ripas de madeira de lei, bem polida pelo seu uso. Senhoras ou senhoritas que subissem encontrariam sempre um cavalheiro para lhes dar o lugar. Muita gente viajava de pé, sem se incomodar com o desconforto. Nas laterais côncavas, emendadas ao teto de cada bonde, ficavam os anúncios em pequenos cartazes: Rum Creosotado; Antisardina (o segredo da beleza feminina); Pílulas de Vida do Dr. Ross (para a prisão de ventre, que é coisa atroz); Pomada Minâncora (para espinhas); Leite de Rosas; Aurisedina (para acabar com a dor de ouvido); Conhaque de Alcatrão de São João da Barra; Gelol (leniente para dores musculares, cuja propaganda se amparava na pergunta: ´Olhou a boa e não viu o poste?´). Depreende-se que era um meio muito utilizado pelos laboratórios mais que por outros produtos e mercadorias. Havia mais: Polvilho Antisséptico Granado; Guaraina (mata a dor e não ataca o coração); Melhoral (é melhor e não faz mal); Cera do Dr. Lustosa (para dor de dente); e aí se lembra o celebrado Regulador Xavier, ´o remédio de confiança da mulher - número um, excesso; número dois, escassez; Hepacholan (a saúde do fígado). Uma propaganda que cobria todo o espaço comercial dos bondes, também exposta nas áreas externas, como lembra Jader. O rádio promoveu uma revolução, à medida que se foi estendendo aos rincões mais distantes dos país e, mais ainda, depois da II Grande Guerra, quando apareceram as pilhas elétricas, e ainda, os transístores. O ´radinho´ conquistava os mais remotos lugares, como sugeriu D. Dalma (nome lindo!). Que remédios resistiram ao passar do tempo? Grindélia de Oliveira Júnior, Xarope São João, Elixir de Inhame Goulart, Colírio Moura Brasil, Leite de Magnésia de Philips, Magnésia de Orlando Rangel, Emulsão de Scott e Biotônico Fontoura. Seus nomes apareciam, de alguns deles, também em porteiras à margem das estradas de terra. Dá saudade!

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