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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: As estatísticas e os fatos Waldyr Senna Batista É sabido que a repressão ao crime nas capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, tem como consequência o agravamento da segurança pública em cidades do interior do País, para onde os marginais se deslocam. Essa é uma das explicações para o que acontece em Montes Claros, que foi posta na rota do tráfico de drogas, com o que a situação chegou a níveis insuportáveis. Isso deve ter surpreendido as autoridades policiais, que, em janeiro deste ano, comemoraram a redução de 30% nos casos de homicídios em comparação com 2008. O delegado Aluízio Mesquita, na ocasião, manifestou otimismo quanto aos efeitos da ação policial, revelando a expectativa de que “a situação tende a melhorar no ano de 2010”. Tomou por base números de 2008, quando, só em dezembro, foram registrados 13 homicídios, enquanto que, no último trimestre de 2009, foram apenas 12 (média de 4, portanto). Seu colega Giovani Siervi conseguiu conter o otimismo diante de estatísticas tão favoráveis, lembrando que o trabalho precisava continuar, “pois existem muitos casos acontecendo em algumas regiões e carecem de atenção especial para que o crime de homicídio fique sob controle”. Acertou em cheio, porque as execuções sumárias foram retomadas ainda em janeiro e só têm aumentado, estando na marca de 29 no trimestre que terminou ontem, média mensal de quase dez. Analisados, esses números indicam que, até dezembro, poderão acontecer cerca de 120 homicídios na cidade. Pelos critérios internacionais, que tomam por base grupos de 100 mil habitantes, Montes Claros, com 360 mil, não poderia ultrapassar 90. São Paulo, com mais de 10 milhões de habitantes, fechou o trimestre com 25 casos por 100 mil. A matança continua acontecendo na cidade e a polícia a atribui ao tráfico e consumo de drogas, o que parece óbvio. Mas não chega à autoria dos crimes, geralmente praticados contra jovens por pessoas que utilizam motos. O passageiro da garupa dispara a arma e os dois desaparecem, sem serem identificados devido ao capacete. Mas o problema não se resume apenas a crimes dessa natureza. Inúmeras outras modalidades acontecem na cidade, conforme se vê na edição de 29 de março do “Jornal de Notícias”, que trouxe sete manchetes que não deixam dúvidas quanto à gravidade da situação: 1) “Septuagenária em apuros – Dupla invade apê e rouba R$6 mil”; 2) “Após assalto, ladrões fazem disparo e fogem num Golf”; 3) “Arsenal com 12 armas são apreendidas (sic) por policiais”; 4) “Assaltantes fazem feira de cartões no Vilage do Lago”; 5) “Picape D20 furtada na praça Itapetinga”; 6) “Ladrões tomam moto de assalto no São Geraldo”; 7) “Mototaxista perde seu ganha-pão no Morada da Serra”. Não se trata de caso esporádico, diariamente é o que se vê no noticiário da imprensa local, que não publica mais porque não dispõe de espaço. Alguns casos, da maior gravidade, já vêm sendo relegados a plano secundário, como o seqüestro do despachante Chiquinho, ocorrido há quatro meses, e, no início do mês passado, a descoberta de trama que previa a eliminação de um juiz da Comarca local. Esses dois últimos episódios fazem com que Montes Claros suba na escala da criminalidade, chegando ao estágio em que se torna cada vez mais parecida com o Rio de Janeiro, sem as belezas naturais da capital fluminense. Para quem ainda tinha dúvidas, fica a certeza de que, nesse campo, a marginalidade aprimora seus métodos e age com extremo profissionalismo, pois nada tem a perder, enquanto a polícia, apesar de todo o empenho de seus integrantes e do moderno aparato de que dispõe, não consegue se impor. As estatísticas perdem para a realidade dos fatos. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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