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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 30 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A doce filha do juiz Jornal ´Hoje em Dia´ - Manoel Hygino dos Santos O advogado-trovador de Contagem, Mauro Pereira Cândido, popular na cidade, sugere que eu redija algumas linhas sobre Alberto Deodato e seu romance ´A doce filha do juiz´. É, de fato, uma obra de ficção ainda muito lembrada por aqueles que a leram, mesmo não havendo edições novas. Deodato - Alberto Deodato Maia Barreto - nasceu em Maroim, Sergipe, em 1896, e veio para Minas para exercer a profissão, depois de formar-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1919. Em Minas, fez carreira, constituiu família, exerceu o magistério na Faculdade de Direito da UFMG, elegeu-se deputado federal, foi um dos fundadores da antiga UDN, assinou o famoso Manifesto dos Mineiros. Tinha voz potente, era liberal com seus alunos, gostava da boa conversa, da discussão dos temas jurídicos, literários e políticos. O professor Dário Teixeira Cotrim, da Unimontes, da Academia Montes-clarense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais traz-me subsídios. Deodato foi promotor de Justiça em Pouso Alto e na centenária cidade de Rio Pardo de Minas. Publicou, dentre outros, os seguinte livros: ´Senzalas´, contos, 1919; ´Canaviais´, contos, 1921, que recebeu o primeiro prêmio da Academia Brasileira de Letras´; e o mencionado ´A doce filha do juiz´, romance, 1929, merecedor de menção honrosa da Academia. Não se resumiu a estas criações. Além de textos jurídicos, publicou três peças para teatro: ´Flor Tapuia´, opereta, 1919, ´A pensão de Nicota´, comédia, 1920; e ´Um bacharel em apuros´, comédia, 1924. Considerado belíssimo o romance ´Adoce filha do juiz´ por Dário, ao tratar de minudências, costumes e tradições do sertão, não se confundirá a localização do drama na imaginária cidade de Corutuba, não a São José do Gorutuba, que tão bem Haroldo Lívio descreve. Haroldo registra São José do Gorutuba como povoado centenário, situado no município de Porteirinha, próximo a Janaúba, tendo pertencido ao vastíssimo município de Grão-Mogol. Foi rico distrito produtor de gado bovino e suíno, de algodão e cereais, composta sua área de latifúndios de propriedades de antigas famílias do Norte. A Gorutuba, cenário do romance de Deodato, é fictícia e deve corresponder a Rio Pardo de Minas, no século passado, quando Deodato foi promotor na comarca. No seu livro, consta que o Rio Preto corre paralelo a uma ruazinha, onde os tropeiros se arranchavam para descanso. Falavam dos causos acontecidos e das ´assombrações do Urucuya, do phantasma da cruz do Ribeirão, das sezões do Jequitahy e da tentação da cabocla brejeira que mora no Rancho, à beira de um riacho, pra lá da ponte velha, cujos olhos pretos pegam que nem visgo e os beijos sabem a sapoti´. Não cheguei a conseguir um exemplar, sequer nos bons sebos. É romance que poderia, ou deveria, ser reeditado, agora que o Governo de Minas cuida de fazê-lo com a ficção de outros importantes autores de Minas ou que fizeram do Estado o seu lar. O livro de Deodato, como aí escrito, foi publicado em 1929, quando eu não era nascido. Mas vou transcrever o que disse o professor da Unimontes, para atender a Mauro Pereira Cândido: ´Descreve o autor a história da jovem Maria Helena, que tinha ´o jambo das faces, na jaboticaba dos olhos e na pitanga da boca´. ´Além da formosura do corpo, junta-lhe a beleza da alma. Lembra-nos a descrição do ilustre acadêmico José de Alencar sobre a sua doce e bela Iracema, ´A virgem dos lábios de mel´, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira´. O drama dos personagens de Deodato, Maria Helena e o jovem João Lúcio, comoveu os leitores de outrora. O autor valorizou os encantos da mulher da região e, com pinceladas as inspirações telúricas em ambientes humílimos, mostrou o que há de melhor na literatura regionalista mineira. O romancista adaptou a linguagem ao tema, sem prejuízo dos fatos narrados.

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