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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Uma ponte com a Europa Jornal ´Hoje em Dia´ - Manoel Hygino dos Santos Foram apenas quatro. O número é de cidadãos nascidos na Bulgária que conheci até hoje. Se passou disso, houve algum lapso na memória. Dos que guardo lembrança muito vívida, apenas um remanesce, meio búlgaro, bastante brasileiro. O sobrevivente é Konstantin Chirstoff, nascido em Stratitzia, em 1923, filho de Christo Raeff Nedekoff e Rossa Christova. Veio para o Brasil em 1928, para exercer o ofício de horticultor, em Montes Claros. Em 1933, Rossa, dona Rosa, e os filhos se transferiram para a cidade norte-mineira, onde os rapazitos fizeram o curso ginasial. Rayu, o primogênito, fez Engenharia Química Industrial em Belo Horizonte. O segundo, Konstantin, se formou em Medicina na UFMG, conviveu com grandes médicos e artistas plásticos. Tornou-se, no retorno, chefe do Serviço de Cirurgia da Santa Casa de Montes Claros, participando da criação da Faculdade de Medicina da cidade, depois titular da cadeira de Técnica Cirúrgica. Mas não vou agarrar-me às reminiscências. Consagrado como médico, consagrou-se também como pintor, dos maiores que o hemisfério tem presentemente. Suas mostras atraem plateias do Brasil e fora dele. Ficou como único búlgaro que ora conheço, pois Rayu morreu prematura e dramaticamente. Se são poucos os búlgaros que chegam até nós, e a recíproca poderia ser verdadeira. Mas não tanto assim. Tanto que acaba de ser publicado, em Sófia, a antologia poética ´Lua da Fonte/ Elegia de Varna´, do carangolense Anderson Braga Horta. O volume contou com seleção, prólogo e tradução para o búlgaro de Rumem Stoyanov. A edição, bilíngue, a cargo da editora Ogledalo, sediada na capital búlgara, contou com apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e da Embaixada em Sófia. Devem-se as capas e ilustrações a Montehil Stoyanov, arquiteto e artista plástico daquela nacionalidade, residente em São Paulo. No prefácio, o tradutor, nascido em 1934, ressalta que Anderson Braga Horta é o brasileiro que mais tem feito pela divulgação da literatura daquele país nesta parte sul-americana do mundo. Trata-se de um fato relevante, por motivos vários: o primeiro livro traduzido do búlgaro ao português, sem intermediação de outro idioma, foi a antologia ´Observatório´, de Liubomir Levtchev, façanha de Anderson, que se incumbiu também de redigir o prólogo ´Uma Janela para a Poesia Búlgara´, com seleção e tradução de Rumen. Aconteceu em 1975, na capital paulista. Quase três décadas após, em Brasília, saíram os ´Contos de Tenetz´, em 2004, de Yordan Raditchkov. Stoyanov recorda que, em 2005, quando o presidente Gueorgui Parvanov esteve no Brasil, em visita oficial, ele apresentou a obra durante um recepção na embaixada daquele país, Anderson o saudou pelo liame que se estabelecia. Um exemplar foi oferecido pelo visitante ao colega do Brasil, Lula da Silva. O fato não ficou isolado: ´Contos de Tenetz´ mereceu resenhas em revistas, jornais, suplementos literários e culturais, páginas na Internet, cartas, tudo demonstrando que portas se abriam ao mais amplo relacionamento entre duas nações, que - se distantes geograficamente - podem viver mais perto nos corações. Stoyanov sublinha que, poeta de pai e mãe (o que é absolutamente verdadeiro, ambos mineiros), Anderson foi o primeiro brasileiro a participar dos Encontros Internacionais de Escritores em Sófia. Sua atividade de poeta, ensaísta, contista, crítico literário e tradutor lhe valeu numerosos e importantes prêmios. O escritor búlgaro acrescenta: ´A partir de 1972, Anderson Braga Horta toma parte da comunicação búlgaro-brasileira, e a edição de sua poesia na Bulgária é uma homenagem, ainda que modesta, pelo que fez. Sua poesia é contida, densa, contando com a sinceridade, a concentração, a força íntima, e não com ostentação, fogos artificiais verbais e truques exteriores´. A poesia de Anderson e a pintura de Konstantin fazem uma ponte entre suas nações que podem ter feliz convivência.

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