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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 13 de outubro de 2024
 

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Mensagem: PAIXÃO CURRALEIRA

Transcorria o patético e campesino ano de 1960 na terra de Figueira. Tempos de carros de boi, de bruacas de couro, de fazer “cumpadres e cumadres” pulando fogueira nas festas de santo. Chovia fora de época e a bandeiras despregadas, quando Nonato Pampa, conhecido condutor de carros de bois voltava para casa.
Entregara a última ´carrada´ de boa lenha na padaria do povoado e tangia a junta, batizados distintamente de ‘Melado e Rochedo”. Melado tinha cor de burro fugido, chifres longos, e era esguio. Rochedo, uma fortaleza de músculos, cara de mau, branco e preto. Como era durão, carregava uma argola ´contedora´ nas fuças.
Sua cumadre Antera de Júlia, lavadeira por profissão ia logo à frente com uma grande trouxa de roupas envolta por uma capa Colonial três coqueiros e apoiada na ródia. Saia amarrada na altura da “perseguida” para não sujar da lama que abundava na estrada carroçável. A encomenda seria entregue numa fazenda próxima.
Antera, pernas grossas, bumbum empinado, seios fartos, lábios carnudos e um olhar negro e desafiador era a paixão oculta de Nonato. Ele vivia sonhando com uma noite de dádiva, de lascívia tropical. Lá ia aquela potranca pela estrada afora.
Apertou a junta de bois, imprimindo velocidade. ”Vâmo Melado, vâmo Rochedo, vâmo boi!” Objetivava alcançar a morena e lhe oferecer carona.
Ao passar pela mesma falou: “aonde vai com esse peso todo criatura? Nessa chuva doida cumadre!” Ela respondeu abrindo um sorriso farto: “vou entregar essa trouxa na fazenda de seu Calú!” Nonato concluiu: “’suba aqui, ponha a trouxa de lado e se senta na bruaca vazia, que eu vou passar em frente à porta da dita fazenda” (mentiu).
No balanço do carro de bois e na flexão da bruaca vazia sob o peso do corpo quente, as coxas da Antera batiam uma na outra. Clof... Clof... Clof! Nonato, já atanazado e mentalmente queixando-se, não às rosas, porque estas são para amores incomensuráveis, mas às gotículas de chuva que escorriam nos seios da mulher desejada, aglutinando nos bicos intumescidos.
Lembrou-se, entretanto, que o marido da mulher era um conhecido valente. Por qualquer coisa acochava a faca no bucho de qualquer contendor, ou desafeto. O condutor intumescido avaliava os riscos que correria. E corajosamente puxou prosa debaixo daquele “mundaréu” de água que São Pedro mandava.
Observando maliciosamente a rima da sua própria cantiga ao enxotar a junta, ”vâmo Melado, vâmo Rochedo”, em seguida, entrou no compasso e deu sua disfarçada cantada na Vênus campesina, que já abria enorme sorriso, com as monumentais pernas de fora, a “perseguida” aparecendo “en baguett” e os fartos seios balançando.
Pteros, o deus alado forneceu asas e coragem ao amor carnal prevalecendo ainda, o dito drummoniano ”a semântica libidinosa do homem da roça.”.
Soltou a cantada: ”vâmo Melado, vâmo Rochedo, eu queria falar um negócio com a cumadre, mas tô com mêeedo..!” Antera, toda faceira retrucou no calor da rima” Êia Rochedo, Êia Melado, se eu fosse o cumpadre, eu já tinha falado”.
Nonato Pampa, firme nas rédeas, deu o freio da roça: “Ôoooa boi”!
E ambos se deram e se amaram...

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