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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 14 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Questão de exemplo

Paulo Braga

Ainda não ouvi falar de mulher que tenha antecedido Dona Lili no exercício do ofício de “açougueiro”, em Montes Claros. Começou quando lugar de mulher era na cozinha, enquanto criar, abater, desossar e negociar porcos e bovinos eram apenas para machos. Enfrentou preconceitos, mas abriu caminho para muitas mulheres norte-mineiras, como “Cássia de João Bonito” e “Marluce de Ismael”, do bairro Delfino Magalhães e da cidade de Ibiaí, respectivamente, para ficar apenas em dois bons exemplos de sucesso feminino no comércio de carnes, nos dias atuais.
Há 45 anos, tia Lili e minha avó, Dona Perciliana Minguita, já ajudavam o açougueiro Manoel Viana, meu tio Manoelzinho. Criavam e abatiam porcos, desossavam bovinos, tratavam buchos e faziam excelente lingüiça. Para abastecer o açougue na esquina das ruas Rui Barbosa e Belo Horizonte, trabalhavam duro, inclusive à noite, nos finais de semana e nos feriados. Meus pais, o saudoso comerciante Joaquim Pereira da Silva e minha querida Dona Maria José Braga, costumavam encher a Rural, com os 12 filhos, para inesquecíveis passeios na casa-chácara do Tio Manoelzinho, no então distante bairro de Lourdes. Fartura, inclusive, de lições de trabalho e respeito.
No dia 10 de maio corrente, Tio Manoelzinho foi chamado por Deus. Tia Lili, não sei se vai reabrir o comércio, fechado durante os meses que ela dedicou a cuidar apenas do marido doente. Se o fizer, que o ponto construído há alguns anos na Rui Barbosa, bem próximo ao açougue antigo, continue sendo não uma loja de carnes, mas uma Casa de Amigos. Ali, a pressa sempre foi inimiga da perfeição. “Se você está com pressa, veio ao lugar errado”, brincava “Seu Manoelzinho”, sempre que alguém tentava fugir do “dedo de prosa” enquanto ele “amolava a faca”. Amigo não pode demorar a vir, muito menos já chegar querendo ir embora, sem colocar a conversa em dia, advogava. “Não temos fregueses, temos amigos”, era o seu lema no comércio.
Gente assim precisa ser melhor aproveitada. De berços humildes, o casal de açougueiros educou bem seis filhos, venceu pelo trabalho. Mas, o Brasil, infelizmente, ainda não aprendeu a valorizar os bons exemplos, segue deixando que bandidos sejam os ídolos de uma juventude muitas vezes sem perspectivas. Abandona até seus ídolos no futebol, enquanto na Europa, por exemplo, os melhores são aproveitados para formar novas gerações de craques.
A melhor das revoluções começa nas salas de aula. Deveríamos chamar pessoas com testemunhos de superação para fazerem palestras. Mas, será que os alunos, pais, diretores, professores e demais funcionários estão dispostos a “perder” uma ou duas horas por semana? E a televisão, cheia de programas que só atrapalham? Deveria, no mínimo, investir em programas como o da norte-americana Oprah, no gnt, canal 41, na Sky. Quase todos os dias, ela mostra histórias de personagens vivos como os trigêmeos negros, pobres e órfãos de pai desde criança que, em apenas sete anos de formados, vão completar um milhão de dólares em doações à universidade da qual foram os melhores alunos de Direito. Eles atribuem o sucesso aos ambientes em que foram mantidos pela mãe: casa, escola e igreja.
Adultos, jovens e crianças do Brasil também precisam saber que há boa recompensa para quem se determina a aprender a tabuada, a boa escrita, o bom ofício. O Brasil é diferente? Sim, mas não será multiplicando o número de traficantes, assaltantes e corruptos que haveremos de consertá-lo.
Em Montes Claros, poderíamos começar essa revolução levando às escolas públicas, entre outros, os vivos da lista dos 150 ilustres que serão homenageados com a Medalha Civitas, além de escritores radicados aqui, como Itamaury Telles e Luiz de Paula Ferreira, cujas obras, com justiça, vêm sendo relacionadas pela comissão de vestibular da Unimontes.
Pois, melhores são os exemplos do bem.

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